Se crise se agravar na Venezuela, Manaus terá plano emergencial

Desde 2014 vivendo sob um governo ditatorial, a Venezuela corre risco de ter sua situação política e social ainda mais agravada nos próximos dias. Isto porque o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, deputado Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino do país, mesmo com o ditador Nicolás Maduro ainda no poder, na última quarta-feira (23).

Com a crise política cada vez mais latente na Venezuela, o aumento da repressão estatal aos opositores e a iminência de uma guerra civil, não é difícil imaginar uma imigração ainda mais desenfreada para territórios vizinhos ao país, como a Colômbia e o Brasil, mais especificamente, para os estados do Amazonas e Roraima.

Segundo dados da Superintendência da Polícia Federal no Amazonas, fornecidos pelo escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), em Manaus, de 2017 a dezembro de 2018, foram registradas 13 mil solicitações de refúgio. O número, no entanto, não reflete a realidade, de acordo com o chefe do escritório do Acnur, Sebastian Roa.

“Esse número pode ser bem maior, porque muita gente já chega em Manaus documentada, isso é, com a solicitação de refúgio ou residência. O escritório de Boa Vista tem uma estrutura muito maior do que a existente aqui”, afirma Roa.

Sem capacidade

Apesar de Manaus ter sido considerada uma cidade-modelo, tendo recebido uma menção honrosa do Acnur por acolher os venezuelanos de maneira modelo, o prefeito Arthur Neto alerta que a cidade não teria capacidade de abrigar tantas pessoas fugitivas dos horrores de um conflito armado.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc), são, pelo menos, 550 venezuelanos residindo em abrigos atualmente.

“Temos 2 milhões de habitantes em Manaus, e nós não conseguimos atender a tantas pessoas de maneira adequada. Pode ser que consigamos em um momento, mas não teremos condições indefinidas de continuar oferecendo refúgio aos venezuelanos. O que é inevitável é que a imigração venezuelana venha para Roraima, de Roraima para o Amazonas, e do Amazonas para todo o Brasil, até o Rio Grande do Sul”, afirma.

Por EM TEMPO