Presidente dos Correios pede demissão após pressão política

A saída de Fabiano Silva deve ser oficializada apenas após uma conversa direta com o presidente Lula.

BRASÍLIA, DF — O presidente dos Correios, Fabiano Silva, entregou seu pedido de demissão nesta sexta-feira (4), em meio a pressões políticas e questões de saúde. A carta foi deixada no Palácio do Planalto, enquanto o presidente Lula cumpre agenda no Rio de Janeiro.

Demissão ainda não oficializada

A saída de Fabiano Silva deve ser oficializada apenas após uma conversa direta com o presidente Lula. Fontes próximas ao governo afirmam que a decisão foi comunicada a auxiliares do Planalto.

Pressão política influenciou saída

Segundo aliados de Silva, sua permanência no comando dos Correios tornou-se insustentável devido a pressões do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil). Alcolumbre tenta indicar um aliado para a presidência da estatal desde o início do terceiro mandato de Lula.

Vale lembrar que os Correios são vinculados ao Ministério das Comunicações, atualmente chefiado por Frederico Siqueira Filho, também do União Brasil.

Questões de saúde também pesaram

Além da pressão política, Fabiano Silva também alegou problemas de saúde como fator decisivo para deixar o cargo. Aliados próximos confirmam que o presidente enfrentava dificuldades pessoais nos últimos meses.

Déficit histórico dos Correios em 2024

Silva deixa o cargo em meio a um cenário negativo: os Correios registraram prejuízo de R$ 1,7 bilhão apenas no primeiro trimestre de 2024, o maior déficit entre as estatais federais no ano.

No entanto, o agora ex-presidente nega que os números tenham influenciado sua decisão. Ele atribui os resultados negativos à chamada “taxa das blusinhas”, criada em 2023 pelo governo para taxar produtos de varejistas chinesas.

A saída de Fabiano Silva dos Correios representa mais uma mudança estratégica no governo federal. Agora, a expectativa é de que um novo nome seja indicado com apoio político direto do União Brasil.