Escola onde aluno autista foi agredido por professor de capoeira omitiu violência

A escola suspendeu o aluno por dois dias, alegando “desrespeito à autoridade docente”.

RIO — Novas informações e detalhes chocantes emergem no caso da agressão de um professor de capoeira contra um aluno de 11 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em uma escola particular de Guaratiba, no Rio de Janeiro. Contrariando a versão inicial de um mero desentendimento, fontes próximas à família de Guilherme Siqueira revelam que a violência perpetrada pelo professor Vitor Barbosa foi precedida por uma série de negligências por parte da instituição de ensino no manejo da situação.

Documentos obtidos com exclusividade indicam que a escola já havia sido alertada sobre a necessidade de um acompanhamento mais individualizado para Guilherme, dadas as suas especificidades dentro do espectro autista. No entanto, a ausência de um profissional de apoio adequado durante a aula de capoeira, um ambiente com potencial para estímulos sensoriais intensos, pode ter contribuído para a escalada da irritabilidade do menino.

Além disso, a decisão unilateral da escola de suspender Guilherme por “desrespeito à autoridade docente”, sem sequer mencionar a agressão sofrida, levanta sérias questões sobre os protocolos internos de tratamento de incidentes envolvendo alunos com necessidades especiais. A omissão da violência no comunicado oficial à família e a subsequente dificuldade em obter informações completas reforçam a percepção de uma tentativa de encobrir a conduta inadequada do professor.

A defensora pública Ana Lúcia Amaral, que acompanha o caso, enfatiza que a escola não apenas falhou em proteger o aluno, mas também agiu em desacordo com os princípios da inclusão e da proteção integral à criança e ao adolescente. O inquérito instaurado pelo Ministério Público busca agora apurar a responsabilidade da instituição não só pela agressão em si, mas também pela possível negligência e omissão de informações cruciais, abrindo um precedente importante para a responsabilização de escolas em casos de violência contra alunos com TEA. A expectativa é que a investigação detalhada revele a extensão das falhas e garanta justiça para Guilherme e sua família.