Ele trocou a Engenharia pelo Free Fire e hoje tem carro de R$ 430 mil

Pedro Henrique, o Buxexa, trancou a faculdade de Engenharia para se tornar streamer

Se você gosta de jogos e tem um smartphone, provavelmente já jogou ou pelo menos ouviu falar de Free Fire. O game, lançado em 2017, foi o jogo mais baixado em 2020 no Brasil e no mundo, superando até fenômenos da pandemia como Among Us e Fall Guys. E se entre os brasileiros o jogo é uma febre, muito disso se deve ao trabalho de streamers como Pedro Henrique, o Buxexa.

Com cerca de 2 milhões de seguidores no Instagram e mais de 1,5 milhão inscritos em seu canal no Youtube, Buxexa (com as letras “u” e “x” mesmo) é uma das principais figuras do Free Fire no cenário brasileiro. Mas o sucesso não veio por acaso e, talvez por isso, não o faça esquecer de suas origens.

Nascido e criado em Santa Cruz do Capibaribe, no agreste pernambucano, a cerca de 180 km da capital Recife, o jovem Pedro Henrique, hoje com 23 anos, tinha apenas 20 quando decidiu fazer do Free Fire sua carreira profissional. Até ali, Pedro Henrique ainda não havia se tornado o Buxexa, e era estudante de Engenharia, prestes a se formar.

“Eu comecei a jogar o Free Fire em março de 2018, estava no finalzinho da faculdade, nos últimos semestres. Naquela época o jogo não tinha essa expansão que tem hoje. A gente pegou bem no começo, então teve muita oportunidade. Se fosse para tentar crescer hoje, eu não conseguiria. Porque já tem muita gente grande”, afirmou.

Ele conta que, ao contrário de alguns colegas, que segundo ele jogavam “horrores”, decidiu investir na carreira de criador de conteúdos. “Tem muito jogador bom, que já era bom naquela época, mas não investiu nessa carreira e hoje se arrepende. Tipo, eu não vou dizer que eu era o melhor, sim, eu jogava bem, mas tinha cara que jogava horrores e não conseguiu. E o meu diferencial foi esse, eu investi na minha carreira”, lembrou Buxexa.

A decisão de começar a investir no Free Fire não poderia ter sido melhor para Buxexa. Ele contou que logo nos primeiros meses, investido na carreira de jogos e criação de conteúdos, passou a ter o que nunca teve: independência financeira.

“Lá na metade de 2019 eu já consegui ter meu próprio dinheiro para pagar minhas contas, comprar um carro, comprar uma moto, poder sair de boa e isso aí só fez com que eu me dedicasse mais, investisse mais e me entregasse mais a essa carreira”, disse.

E o esforço não foi em vão. Na página do jogador no Instagram, a mudança de vida de Buxexa é nítida. O jogador tem na garagem dois carros, uma Range Rover, que na versão mais “barata” sai por mais de R$ 250 mil, e um Porsche 718 Cayman, avaliado em cerca de R$ 439 mil. Esse carro é o verdadeiro xodó e está sempre em suas publicações nas redes sociais, junto com vídeos para incentivar novos jogadores.

Atualmente, além do canal no Youtube com mais de 1,5 milhão de escritos, o jogador também faz suas lives em uma plataforma de streaming e reafirma o que já era desconfiado baseado em suas redes sociais: o negócio dá muito dinheiro. “Dependendo dos seus números de visualização, acesso e tudo mais, é um dinheiro surreal que dá para ganhar sendo streamer”, revelou Buxexa.

Mas, por conta do crescimento do canal, já não era mais possível para ele conciliar a carreira como criador de conteúdos de Free Fire com a faculdade de engenharia.

“Eu fiz todas as matérias, só que chegou na parte de fazer estágio e não tem, com a vida que eu levo hoje, não tem como eu fazer um estágio. E tinha TCC [trabalho de conclusão de curso] ainda, que é um negócio que você tem que dar a vida. Então a faculdade está lá trancada, quando chegar um momento que eu tiver mais tranquilo, quero dar um corre lá e terminar”, explicou.

Apesar do sucesso ostentado nas redes sociais, Buxexa jamais se esqueceu das origens e da cidade natal: Santa Cruz do Capibaribe. O jogador se tornou notícia no começo do ano quando em uma live arrecadou R$ 10 mil para doação de cestas básicas a pessoas carentes em sua cidade.

Ele conta que durante suas lives, no decorrer da pandemia, percebeu que cada vez mais gente o assistia. “E eu notei que o motivo era justamente a pandemia. Todo mundo em casa, se isolando. E acaba que muitas dessas pessoas estão desempregadas”, comenta o streamer.

Ele lembra que não havia planejado fazer uma arrecadação, mas que o começou com uma ideia tímida, se tornou um movimento que arrecadou R$ 10 mil em poucas horas.

“Não foi nada projetado, foi meio que no momento mesmo. Hoje o Free Fire ganha muito dinheiro com compras dentro do jogo, o pessoal usa muito gift card. Então, por exemplo, uma compra de R$ 30 tem um desconto e fica R$ 27,90. Durante nosso campeonato eu tive a ideia de movimentar essa quantia parada, essa diferença de R$ 2 que o pessoal tinha parado ali na conta. Nós arrecadamos com isso e aí montamos várias cestas básicas para doação”, explica o jogador.

Em constante ascensão no Brasil e no mundo, o Free Fire já pode ser considerado um dos mais importantes jogos de todo o país. No mundo, mais de 100 milhões de usuários jogam o game diariamente e o Brasil é parte vital de todo esse sucesso.

Por conta do alto número de jogadores e o decorrente sucesso do jogo em território brasileiro, a Garena, empresa criadora do Free Fire, inclusive criou a LBFF (Liga Brasileira de Free Fire), campeonato oficial do jogo no país e que classifica para o Free Fire World Series, que reúne jogadores de todo o mundo.

“Ao contrário de outros jogos, no Free Fire, você não precisa ter um computador monstro para rodar. Lá fora não, qualquer um joga Warzone, Fortnite, etc, porque lá eles tem condição. Já no Brasil não. Aqui a mulecada joga num smartphone qualquer e roda o Free Fire. Quando pega um iPhone então, a mulecada tira onda. Por isso que estourou tanto no Brasil”, analisa Buxexa.

Mas, não para por aí. O Brasil é um dos grandes expoentes do jogo, tendo inclusive conquistado o último campeonato mundial e sul-americano. O Corinthians é o atual campeão do mundo e a Loud é a melhor equipe das Américas.

Nesse ano, o Free Fire World Series está de volta. A competição terá início em 22 de maio, com palco em Singapura, na Ásia. O prêmio é nada menos que US$ 2 milhões, cerca de R$ 11 milhões — o maior valor pago entre campeonatos do Battle Royale da Garena.

Nesta edição, o torneio conta com 22 times de 14 regiões do mundo, sendo dois do Brasil.