
BELÉM, PA — Festejado como sede da Conferência para o Clima das Nações Unidas (COP30) em 2025, o Pará carrega um título nada honroso: é o Estado que mais desmata a Amazônia desde 2006, segundo dados do sistema de monitoramento por satélites PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Desde 2005, o Pará foi responsável pela destruição de 74,2 mil quilômetros quadrados da floresta na Amazônia Legal, o equivalente a 40,2% do desmatamento total registrado na região.
Em 2024, último ano completo monitorado pelo Inpe, o Pará respondeu sozinho por 2,4 mil km² do desmatamento na Amazônia, mantendo sua posição como o maior agressor da floresta. O Mato Grosso aparece em segundo lugar no ranking, mas desmatou menos da metade da vegetação perdida no vizinho Estado paraense.
Até 2004, Pará e Mato Grosso rivalizavam em níveis de devastação. No entanto, em 2006, o Pará ultrapassou o vizinho e nunca mais perdeu a liderança negativa. Atualmente, o Estado acumula o maior índice de desmatamento da história do PRODES, que teve início em 1988. Desde então, 172,4 mil km² de floresta foram destruídos em território paraense – uma área equivalente a quase cinco vezes o tamanho do estado de Alagoas.
A situação levanta preocupações sobre os compromissos ambientais do Brasil em âmbito internacional, especialmente com a realização da COP30 em Belém. Enquanto o governo busca projetar uma imagem de sustentabilidade, os números do Pará evidenciam que o ritmo de destruição da Amazônia permanece alarmante, exigindo medidas urgentes para reverter esse cenário crítico.