Beruri é o único município amazonense a eleger mais mulheres que homens

O município, que reelegeu a prefeita Dona Maria (MDB), é o único do Amazonas a eleger mais mulheres do que homens para a composição da Câmara Municipal

Beruri, distante 173 quilômetros de Manaus em linha reta, é uma exceção quando se fala de representatividade feminina na política estadual. O município, que reelegeu a prefeita Dona Maria (MDB), é o único do Amazonas a eleger mais mulheres do que homens para a composição da Câmara Municipal.

Com nove vagas para a Câmara, cinco foram preenchidas por mulheres . Dona Elis, do Avante, a mais votada entre homens e mulheres no município, com 771 votos. Maria de Jesus, do MDB, veio na sequência, com 612 votos. Curiosamente, três professoras preencheram as outras vagas femininas: professora Márcia Menezes e Professora Vanusa Veríssimo, ambas do Republicanos e Professora Ester Lima, do PP.

O município que mais se aproxima de Beruri em representatividade feminina é Ipixuna. Lá, das 11 vagas para a Câmara Municipal cinco foram ocupadas por mulheres – o que significa 45% do total. Assim como em Beruri, uma mulher também foi a mais votada: Paula Augusta, do PSDB, com 883 votos, seguida por Ana Silvério, do PSD, com 560.

Essas duas cidades amazonenses são pontos fora da curva. Somente em nove, dos 62 municípios do Estado, a porcentagem de mulheres eleitas foi acima dos 30% – este é o percentual mínimo, obrigado por lei, que cada partido precisa apresentar de candidatas mulheres. Foram eles: Anamã, Boa Vista do Ramos, Boca do Acre, Codajás, Lábrea, São Sebastião do Uatumã e Urucurituba, além de Beruri e Ipixuna.

Em sete municípios, inclusive, nenhuma mulher foi eleita para compor a Câmara Municipal: Envira, Humaitá, Itapiranga, Pauini, Presidente Figueiredo, São Paulo de Olivença e Tefé.

Três destes municípios chamam atenção por dois fatores distintos. Em Humaitá e Tefé, são quinze vagas para o parlamento. No entanto, nem mesmo essa quantidade acima da média de vagas foi suficiente para garantir uma representante feminina. Já em Presidente Figueiredo, com treze cadeiras na Câmara, não houve mulher eleita. No entanto, o município terá uma nova prefeita a partir de janeiro: Patrícia Lopes, do MDB.

Entre os dez maiores colégios eleitorais do Amazonas, uma triste unanimidade: a baixa representatividade feminina. Em nenhum dos dez municípios com maior número de eleitores há uma participação maior que 30% de mulheres entre as eleitas. Manaus é destaque negativo: das 41 vagas, apenas 4 foram preenchidas por mulheres, o que significa apenas 9% da próxima bancada de vereadores e vereadoras.

VEJA O RANKING ENTRE OS DEZ MAIORES COLÉGIOS ELEITORAIS DO ESTADO

  • Manaus: 9%
  • Parintins: 23%
  • Manacapuru: 11%
  • Itacoatiara: 23%
  • Coari: 13%
  • Tefé: 0%
  • Tabatinga: 20%
  • Maués: 20%
  • Iranduba: 7%
  • Humaitá: 0%

Jornada para as mulheres é mais difícil, aponta cientista política

A jornalista e cientista política Liége Albuquerque, membro da Associação Brasileira de Cientistas Políticos, aponta que o caminho para uma mulher se eleger é muito mais duro que o de um homem para o mesmo cargo. “A maior parte das mulheres que se candidatam, são usadas pelo partido. E aquelas que têm conteúdo, muitas vezes não recebem investimento do partido, ainda que seja obrigatório, e elas evitam divulgar para não ficar mal com o partido. É um ciclo vicioso muito complicado”, analisou Liége, que vê cursos de formação política para mulheres, dentro da estrutura dos partidos, como uma boa saída para o maior fortalecimento das candidaturas femininas.

“É vergonhoso como a gente está indo devagar nas candidaturas femininas, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo”, pontua ela, que atribui o cenário atual à raiz machista do País.

FONTE: A Crítica