Agricultura perdida e educação paralisada na enchente do Rio Madeira em Humaitá

O Rio Madeira subiu seis metros desde janeiro, superando em três metros o nível registrado no mesmo período de 2024.

HUMAITÁ — A cheia do Rio Madeira está causando impactos severos no município de Humaitá com cerca de 16 mil pessoas afetadas, segundo a Defesa Civil. No domingo (13), o rio atingiu 23,92 metros, devastando plantações na zona rural e interrompendo as atividades escolares. Agricultores, como Júlio Cézar Gós, relatam perdas totais em cultivos, especialmente de banana, comprometendo a renda familiar.

Na educação, 20 escolas suspenderam as aulas presenciais, deixando cerca de 800 alunos sem acesso direto ao ensino. Para minimizar os prejuízos, professores estão levando material didático até as casas dos estudantes, como explicou Arnaldina Chagas, secretária de educação. Na área urbana, ruas inundadas motivaram ações emergenciais, incluindo entrega de cestas básicas e água potável pela prefeitura.

De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), o Rio Madeira subiu seis metros desde janeiro, superando em três metros o nível registrado no mesmo período de 2024. “Essa é a maior cheia desde 2014, com perdas praticamente totais para agricultores familiares e ribeirinhos”, alertou Jonathan Maciel, coordenador da Defesa Civil Municipal.

Pesquisadores do Labclim/UEA apontam como causas das cheias o Inverno Amazônico, com chuvas acima da média, e o fenômeno La Niña, que resfria as águas do Pacífico e intensifica precipitações na região Norte e em áreas de rios no Peru e Bolívia. “Chuvas acima da normalidade coincidiram com nosso período chuvoso, agravando a situação”, explicou o pesquisador Leonardo Vergasta.