
O Sudário de Turim, um tecido de linho com a enigmática imagem de um homem crucificado, segue provocando perplexidade entre cientistas, religiosos e céticos. Em uma entrevista instigante ao canal do jornalista Flávio Valle, o estudioso Luiz Henrique mergulhou nos bastidores científicos e espirituais da peça mais estudada da história, revelando fatos impressionantes, evidências inquietantes e reflexões que desafiam as noções convencionais de fé, ciência e religiosidade.
Em 1898, o fotógrafo italiano Secondo Pia obteve a primeira fotografia do Sudário. Ao revelar o negativo, foi surpreendido por uma silhueta extremamente nítida de um homem com marcas de crucificação. Paradoxalmente, o negativo fotográfico mostrava o positivo da imagem, revelando que a própria imagem no pano era um negativo em si — um feito impossível para qualquer artista medieval reproduzir.
Esse foi o ponto de virada na curiosidade científica: como uma imagem tão precisa e tridimensional foi impressa em um tecido de linho sem uso de pigmento ou tinta?
Estudos do projeto STURP (Shroud of Turin Research Project), com dezenas de cientistas de renome internacional, revelaram que o corpo representado no Sudário foi flagelado com um chicote romano chamado flagrum, cujas marcas únicas foram detectadas.
O corpo apresenta pregos atravessando o carpo (e não as palmas das mãos), como os romanos realmente crucificavam, o que contradiz séculos de iconografia cristã.
O corpo possui feridas compatíveis com a coroa de espinhos e tem marcas de uma lança no lado direito, de onde fluíram sangue e fluido pleural — descrição idêntica à feita nos Evangelhos sobre a morte de Jesus.
Além disso, o sangue impregnado no pano é do tipo AB, extremamente raro, especialmente no Oriente Médio, e mostra tanto sangue arterial quanto venoso, exatamente como esperado em uma crucificação.
A análise microscópica detectou 58 tipos diferentes de pólens no Sudário, sendo 28 exclusivos do Oriente Médio. Um deles provém de uma planta espinhosa que cresce somente nos arredores de Jerusalém — a mesma planta utilizada na simbólica coroa de espinhos.
Outro achado estarrecedor foi uma moeda do imperador Tibério, cunhada por volta do ano 16 d.C., sobre um dos olhos da figura no Sudário — prática funerária comum entre judeus da época para manter as pálpebras fechadas.
O embate do carbono-14
Em 1988, um teste de datação por carbono-14 concluiu que o Sudário teria origem entre 1260 e 1390 d.C., abalando a credibilidade da relíquia. Porém, anos depois, novas descobertas revelaram que a amostra usada havia sido retirada de uma área remendada no século XIV, contaminada por bactérias e compostos químicos, alterando os resultados. O próprio cocriador do método de datação reconheceu a possibilidade de distorção nesse caso específico.
Um antigo manuscrito húngaro do século XI — o Codex Pray — já retratava a cena da deposição de Cristo com detalhes idênticos ao Sudário: a disposição das mãos sobrepostas, a ausência do dedão (retraído pelo prego no carpo) e até mesmo as marcas de queimada presentes no linho. Ou seja, o Sudário já existia muito antes da data proposta pelo carbono-14.
Na Espanha, outro pano sagrado conhecido como Sudário de Oviedo, preservado desde 711 d.C., foi usado para cobrir o rosto de Jesus antes do corpo ser enrolado no pano principal. Testes modernos mostraram que as manchas de sangue em ambos os tecidos coincidem perfeitamente — inclusive o tipo sanguíneo AB. Mais uma vez, a probabilidade de fraude se torna quase nula.
Pergunta sem resposta
A questão mais intrigante permanece: como a imagem foi formada? Nenhuma técnica conhecida explica. A única hipótese cientificamente aceitável é que uma intensa liberação de energia luminosa de dentro para fora — como uma explosão de radiação ultravioleta — teria causado a impressão. Isso corrobora com a ideia de uma ressurreição ou fenômeno físico ainda não compreendido.
Luiz Henrique evita a abordagem institucional da fé e defende a visão de Jesus como um avatar universal, um ser iluminado que veio pregar o amor e a reconexão espiritual. Segundo ele, o Sudário pode ser visto como o único carimbo físico da presença de Cristo na Terra.
“A ciência não consegue explicar nem refutar o Sudário. É essa impotência diante das evidências que me faz crer em sua autenticidade. A imagem não foi pintada. O corpo retratado foi flagelado, pregado, coroado de espinhos. Não há dúvidas de que esse linho testemunhou algo extraordinário”, afirma Luiz.
O Sudário de Turim continua a ser um divisor de águas entre fé e ciência, entre misticismo e materialismo. Mas como bem aponta Luiz Henrique, mais do que buscar o “Cristo fora”, cada um deveria buscar o “Cristo dentro” — o arquétipo da paz, do amor e da consciência desperta.
Seja você cético, crente ou estudioso, uma coisa é certa: o Sudário ainda guarda segredos que desafiam a lógica e acendem a centelha da transcendência.
Por Juscelino Taketomi


