Quanto pode ganhar um árbitro estrangeiro na Arábia Saudita?

Recentemente, brasileiros como Anderson Daronco e Ramon Abatti Abel apitaram jogos da liga.

Além das cifras milionárias que paga a jogadores em salários e transferências, a liga da Arábia Saudita também tem investido na contratação de árbitros internacionais para melhorar o nível das partidas.

Recentemente, os brasileiros Anderson Daronco e Ramon Abatti Abel apitaram jogos do Al-Nassr (de Cristiano Ronaldo) e do Al-Hilal (de Neymar), respectivamente. Além deles, Michael Oliver (Inglaterra) e Wilmar Roldán (Colômbia) são outros juízes conhecidos que estiveram por lá.

Na prática, quase todos os jogos que envolvem os quatro times bancados pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita — Al-Nassr, Al-Hilal, Al-Ittihad e Al-Ahli — contam com árbitros de fora da Arábia Saudita.

Mas quanto ganha um árbitro estrangeiro na Liga Saudita?

Os árbitros brasileiros alegam que não podem falar sobre apitar jogos na Arábia Saudita por conta de uma regra da Fifa, já que os trabalhos são considerados eventos internacionais e, por isso, têm a chancela da entidade máxima do futebol.

No entanto, o site britânico “Mirror Football” revelou que Michael Oliver, considerado o principal árbitro da Premier League, recebeu 3 mil libras (R$ 18,3 mil na cotação atual) para trabalhar em Al-Hilal 2 x 0 Al-Nassr, em abril.

Comparação com o Brasil

Em comparação, Bráulio da Silva Machado ganhou R$ 20 mil para apitar o segundo jogo da final da Copa do Brasil, no último domingo, vencida pelo São Paulo sobre o Flamengo. O valor por aqui, porém, é atípico.

Na média, um árbitro recebe entre R$ 5 mil e R$ 3,4 mil por jogo do Campeonato Brasileiro da Série A — os que recebem melhor são aqueles que estão no quadro da Fifa.

No Brasil, a função de árbitro não é considerada profissional e, por isso, os profissionais precisam exercer outras atividades. Não é o que acontece na Inglaterra, onde os salários mensais variam entre R$ 61 mil e R$ 152 mil.

Temor entre federações da Europa

Por enquanto, os árbitros estrangeiros têm feito jogos isolados na Arábia Saudita, mas já há, segundo a imprensa britânica, um movimento do governo local para contratar profissionais europeus em definitivo.

De acordo com o “Mirror”, o próprio Oliver, além do espanhol Antonio Mateu Lahoz e do polonês Szymon Marciniak (que apitou as finais mais recentes da Copa do Mundo e da Champions League) já foram sondados.

Para convencê-los, o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita estaria oferecendo um salário anual de mais de R$ 2 milhões, cerca de R$ 168 mil por mês, livre de impostos.

“Falham nas regras básicas”

Howard Webb e Mark Clattenburg, árbitros históricos da Premier League, estiveram na Liga Saudita nos últimos anos, atuando como diretores de arbitragem.

Em entrevista recente ao “The Times”, Clattenburg, que esteve na função por 18 meses, entre 2017 e 2018, não aconselhou a ida de árbitros ingleses em definitivo para o Oriente Médio. E deu um panorama nada favorável dos juízes locais:

Quando chegaram, tinham um grande problema de condicionamento físico e não estavam bem treinados. Fiquei decepcionado em minhas reuniões, pois eles falharam nos padrões básicos e na compreensão das regras do jogo.