Nos EUA, suspeito de matar 18 pessoas é ex-militar e instrutor de tiro

Suspeito de chacina nos EUA sabe atirar como poucos e representa grande ameaça à população de Maine.

Armas para o cidadão do bem poder se defender. O argumento da extrema-direita mundial para armar a população civil foi mais uma vez colocado em xeque: como identificar quem tem boas ou más intenções, não é mesmo? Em Lewiston, no estado do Maine, um atirador abriu fogo a esmo e matou (por enquanto, uma vez que segue à solta) 18 pessoas, além de ferir outras 13, nesta quarta-feira (25), em um dos tiroteios em massa mais mortais da história dos Estados Unidos, de acordo com o instituto Gun Violence Archive.

A resposta dos defensores da bala todo mundo já conhece: se tivesse um cidadão de bem armado, poderia deter o cidadão mau armado e bla bla bla. Porém, o próprio assassino, identificado como Robert Card, seria considerado uma boa pessoa por aqueles que são obcecados por tiros. Aliás, muitos “cidadãos de bem” provavelmente o conhecem e devem ter sido seus alunos. E nesse momento, com eventuais entes queridos mortos, se perguntam: “mas ele era tão centrado, quem poderia imaginar?”.

Esse é o ponto que a militância progressista contesta: todo mundo é cidadão de bem até não o ser mais. Card, por exemplo, é instrutor de tiro. Por isso, trabalhava num clube de tiro. E neste clube, por ser o “mestre”, tinha muitos “discípulos”. E amigos, por que não? Sabe quem frequenta clubes de tiro? Aqueles que gostam de atirar. E, por gostar de atirar, consideram “extremamente necessário” o armamentismo civil.

Além de instrutor, Card fazia parte do corpo de reserva do exército americano. Ele foi afastado recentemente do cargo por apresentar problemas de saúde mental. A Força de Segurança do Maine informou que o suspeito relatou ouvir vozes, chegando a ser internado em um Centro de Saúde Mental ainda este ano, onde permaneceu por duas semanas.

E aqui entra mais uma questão a ser respondida pela “maior democracia do mundo”: se Card não estava mentalmente apto para seguir carreira no Exército, o básico não seria apreender suas armas? Não só pelas potenciais vítimas que tornaram-se reais, mas por que ele representava perigo a si mesmo.

Quando um caso como esse estoura, a culpa nunca é só do homem (sempre um homem, aliás) que aperta o gatilho. O estado pode – ao menos deveria – ser tratado como cúmplice por municiar – e neste caso lavar as mãos – o seu cidadão que, reforçando, foi diagnosticado com problemas mentais e, por isso, é capaz de tudo.

Agora, o atirador está solto, armado e com amplo conhecimento de guerrilha, tornando “reféns” milhares de pessoas que vivem nas pacatas cidades de Lewiston e Lisbon, onde seu veículo, um Subaru Outbac, foi abandonado na fuga. As forças de segurança de Maine estão mobilizadas em uma busca intensa para localizá-lo e contê-lo.

A polícia do estado do Maine emitiu um alerta à população, pedindo que todos permaneçam em suas residências com as portas trancadas até que a situação seja controlada.

Os crimes

Os crimes aconteceram no Sparetime Recreation – uma pista de boliche e um restaurante dentro dela, o Schemengees Bar and Grille – além de um centro de distribuição do Walmart na cidade de Lewiston, a segunda maior do estado.

O Centro Médico do Maine informou em nota que reage a um “evento de vítimas em massa”. O local foi fechado para atender aos feridos no massacre, um número sem precedentes na região, pelo qual o centro médico estaria operando para além de sua capacidade.

Trata-se do ataque mais mortal nos Estados Unidos desde maio de 2022, quando um atirador abriu fogo em uma escola primária em Uvalde, no Texas, matando 19 crianças e dois professores, de acordo com o Gun Violence Archive.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por sua vez, foi informado sobre o ocorrido e está recebendo atualizações regulares sobre a situação em Lewiston, como informou uma autoridade do governo em Washington.

A governadora democrata Janet Mills também se manifestou a respeito do trágico evento, exortando as pessoas da área a seguirem as orientações das autoridades estaduais e locais. Ela se comprometeu a continuar monitorando a situação e manter contato próximo com os responsáveis pela segurança pública.