Manchas de óleo chegam ao Arquipélago de Abrolhos

Fragmento de óleo na praia norte da Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos — Foto: Divulgação/Marinha

A Marinha informou, neste sábado (2), que pequenos fragmentos de óleo foram detectados em Abrolhos, na Bahia. Desde o início da semana, quando praias de municípios próximos foram contaminadas, pescadores realizavam uma força-tarefa para impedir que o petróleo chegasse a essa região — berço de baleias-jubarte e de espécies raras de corais.

Um vídeo divulgado pelo Marinha mostra pequenas manchas no mar. [Confira acima] Segundo ela, o órgão que fez a a remoção desses fragmentos na Ponta da Baleia, em Caravelas, e na Ilha de Santa Bárbara, em Abrolhos, foi o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA). Ele é formado pela Marinha do Brasil, Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A Marinha afirma que está vistoriando a região.

O Banco de Abrolhos tem área total de 48.899 km². Segundo o biólogo Eduardo Camargo, do Instituto Baleia Jubarte, vai da Ponta do Corumbau, no município baiano de Prado, até o norte do Espírito Santo.

No local, há o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos — é a única área totalmente protegida dentro do banco, por causa das espécies que abriga.

“Todo o Banco de Abrolhos tem uma grande riqueza em biodiversidade, mas o parque é uma mostra de tudo o que há ali”, destaca o biólogo. “Ele tem uma grande importância socioeconômica para a região, por conta do turismo, e é fonte de renda para os moradores”, explica o biólogo.

Em Abrolhos, as águas quentes e cristalinas formam o ambiente ideal para espécies de corais. Os recifes crescem em forma de imensos cogumelos chamados chapeirões, que não existem em nenhum outro lugar do mundo. Já as algas marinhas desenvolvem-se sobre o fundo de areia, compondo, juntamente com as gorgônias, o que se pode chamar de “pradarias submarinas”.

O Banco de Abrolhos também é berço da baleia-jubarte, que se reproduz e amamenta entre os meses de julho e novembro.

Investigação da Polícia Federal

A Polícia Federal deflagrou, na sexta-feira (1º), a Operação Mácula, que investiga um navio de bandeira grega suspeito de ser o responsável pelo derramamento do óleo. Segundo relatório da empresa HE Tecnologias Espaciais, a embarcação, chamada Bouboulina, foi carregada com 1 milhão de barris do petróleo tipo Merey 16 cru no Porto de José, na Venezuela, no dia 15 de julho. Zarpou no dia 18 com destino à Malásia.

Depois, passou a oeste da Paraíba, em 28 de julho. As investigações do governo brasileiro apontam que a primeira mancha no oceano foi registrada no dia seguinte, a 733 km da costa do estado.

De acordo com os investigadores, 2,5 mil toneladas de óleo foram derramadas no oceano. A proprietária do navio é a Delta Tankers, fundada em 2006, mesmo ano de fabricação da embarcação. O G1 entrou em contato com a empresa e aguarda um posicionamento. À Reuters, a Delta disse que não foi procurada por autoridades do Brasil.

O Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou, também na sexta-feira (1°), que o óleo pode chegar aos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. O órgão foi acionado pelo comitê de crise do governo federal e atua para detectar a movimentação do petróleo no mar.

Por G1