Manaus ganha museu em celebração aos seus 349 anos

“Nesses 349 anos, o melhor presente que eu poderia entregar para os manauaras é o encontro com a sua própria origem, um mergulho tecnológico no seu passado”, declarou o prefeito Arthur Virgílio Neto ao inaugurar o Museu da Cidade de Manaus, nesta terça-feira, 23/10. O primeiro museu de identidade do Amazonas abre suas portas para a população nesta quarta-feira, 24, dia em que se comemora o aniversário da cidade.

E o museu não poderia ter outro endereço se não no Paço da Liberdade, no centro Histórico de Manaus, um dos raríssimos prédios de arquitetura neoclássica no Brasil e que já serviu de sede governamental e residência dos presidentes da província. Quem for ao espaço vai poder vivenciar um encontro do passado com o futuro, por meio de recursos tecnológicos e espaços totalmente interativos.

“É um museu interativo, que tem as águas como patrimônio fundamental, e que vai agradar a todos, às crianças, aos adultos, ao povo daqui e aos estrangeiros. Foi um projeto feito em parceria com o Ministério Público do Trabalho e, por meio da Lei Rouanet, não teve custo para os cofres públicos. Que todos sejam bem-vindos e visitem o passado de cada um de nós e o nosso futuro brilhante”, destacou o prefeito.

Trinta e seis anos depois da Lei 1.616, que criou o Museu da Cidade de Manaus, pelo então prefeito João de Mendonça Furtado, em 17 de junho de 1982, o espaço se tornou uma realidade. Segundo o diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Bernardo Monteiro de Paula, é um legado e um grande equipamento turístico para a cidade de Manaus.

“Precisamos, continuamente, investir em estrutura turística e cultural na nossa cidade. A gestão do prefeito Arthur Virgílio Neto investe e entrega nos 349 anos de Manaus um equipamento que não deixa nada a desejar a nenhuma capital brasileira ou mundial, porque a nossa história é única e aqui a gente se encontra. Tenho certeza de que todos que entrarem no museu vão sentir mais orgulho do que nós somos”, ressaltou Bernardo.  

A identidade do povo manauara é contada pelas mãos, olhar e ideias de Marcello Dantas, produtor e diretor artístico que assina a exposição permanente “A Cidade de Manaus: História, Gente e Cultura”. Um dos mais importantes curadores do país, tendo participado de respeitados projetos de museus no Brasil e no mundo. O projeto museográfico foi realizado pela empresa Magnetoscópio, que venceu a licitação e é considerada referência nacional pelo desenvolvimento de projetos dessa natureza, como dos museus da Língua Portuguesa e do Futebol, em São Paulo, e o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

E quem já teve a oportunidade de conhecer o museu se encantou com o projeto, como a moradora do Centro e vizinha do Paço, Fátima Souza, que herdou a casa de seu avô há mais de 70 anos. “Maravilhoso! É um sonho realizado. Vai ser um dos melhores do mundo. O povo tem que vir conhecer, os turistas, famílias. É o lugar mais lindo, o berço de Manaus. Para mim, a parte mais linda de Manaus é esse Centro Histórico. Eu tenho orgulho de morar aqui, ser manauara e fazer parte dessa história”, disse emocionada.

O Museu da Cidade de Manaus está aberto ao público de terça a sábado, das 9h às 17h. Durante um período de quatro meses, o espaço funcionará em caráter experimental, totalmente gratuito. Depois disso, uma empresa assumirá a gestão, por meio de licitação.

Projeto

Na sala principal, o público pode encontrar uma exposição de longa duração e que conta a formação histórica da cidade de Manaus em uma linha do tempo interativa, que representa o Y que forma o Encontro das Águas, com telões de LED instalados e protegidos por uma fina camada de vidro e água. Sensores dão a impressão no público de que, ao tocar na água, o cenário muda.

A sala dos prefeitos, ganhou um QRCode em cada quadro, que direciona, nos tabletes recebidos na entrada da visitação, para a história de cada um deles e sua contribuição na gestão do município. Já na sala de arqueologia, as descobertas de sítios arqueológicos são apresentadas por meio de realidade virtual.

Há, ainda, a sala que apresentará o conceito de “rios voadores”, mostrando o ciclo das águas em seu processo de evaporação e chuva. O espaço também traz o depoimento de pessoas que participaram da formação da cidade, interagindo com o ambiente por meio de holografias.

História

Inicialmente chamado de Museu Histórico da Cidade de Manaus (MUHMA), a ideia partiu da necessidade de abrigar de forma sistematizada, a memória da construção da cidade de Manaus, com ampliação da importância cívica desse primeiro palácio da cidade, construído há mais de 120 anos para abrigar o poder público municipal. Trata-se de um dos poucos prédios no Brasil construído especialmente para esta função.

“É uma felicidade para nós vermos, acima de tudo, esse prédio que é um neoclássico puro, limpo, um dos itens mais significativos, mais expressivos do nosso patrimônio arquitetônico, finalmente valorizado, aplicando o Museu da Cidade. Manaus vai se encontrar aqui e é uma oportunidade de fazermos uma reflexão sobre quem somos, nossas origens, da importância de sermos manauaras, amazonenses e de pensarmos no nosso futuro, com base no nosso passado, porque o homem na Amazônia faz parte dessa imensa biodiversidade que precisa ser valorizada”, observou a historiadora Etelvina Garcia.