Lutadora trans do AM quer continuar lutando com homens

Ela apoia projeto de lei que estabelece o sexo biológico como único critério para a definição de gênero entre atletas. | Fotos: Aldisson Almeida/Arquivo pessoal

Em julho deste ano, a lutadora transexual de MMA Anne Veriato realizará um sonho: mudará de sexo. A atleta luta há 14 anos e, mesmo com a mudança, a amazonense quer continuar lutando com homens. A decisão de Anne vai na contramão de outras atletas trans, que acreditam não haver vantagem sobre fatores genéticos ao desempenharem função em times femininos, como é o caso da jogadora de vôlei Tifanny Abreu.

Tiffany está respaldada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei) e joga pelo Sesi/Bauru na Superliga feminina. Já Anne Viriato acredita que por ter genética masculina, sempre terá mais força que uma mulher e prefere lutar com homens.

“Irei fazer os primeiros procedimentos em julho para a mudança de sexo e já estou convicta disso, porque sei que só assim me sentirei bem e completa. Desde criança lutei contra os homens e não me sentiria bem lutando contra mulheres, seria injusto”, diz.

Anne se tornou a primeira transexual a desafiar o mundo do esporte ao lutar e vencer um homem na 34ª edição do Mr. Cage que ocorreu em março do ano passado. No total, a lutadora tem duas lutas e duas vitórias no MMA, já no Jiu-jitsu são várias.

“Desde criança sou apaixonada por lutas, brincava com meu pai toda vez quando ele chegava do trabalho. Eu também brincava sozinha no quintal de casa. Sempre fui louca por lutas”.

A lutadora de 23 anos conta que no início sofreu vários preconceitos, mas que nunca foram barreiras para deixar de acreditar em seus sonhos.

“Enfrentei muito preconceito no início e daí fui lutando e vencendo, conquistando meu espaço. A cada vitória eu fui sendo reconhecida e hoje eu não escuto mais nada. Tenho o respeito de todos, assim como respeito a todos”, conta.

A polêmica sobre a participação das trans em competições femininas foram parar nas assembleias legislativas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os deputados Altair Moraes (PRB-SP) e Rodrigo Amorim (PSL-RJ) apresentaram projetos de lei que estabelecem o sexo biológico como único critério para a definição de gênero de atletas nos estados.

Por EM TEMPO