Hemoam anuncia estoque crítico pós-pandemia

Uma bolsa de sangue pode ser dividida em até quatro partes e cada parte pode ser usada por uma pessoa diferente, podendo salvar quatro vidas. © Ascom Hemoam

Doar sangue é uma atitude nobre que pode salvar a vida de muitas pessoas. De acordo com a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), responsável pelos processos de captação, coleta, tratamento e distribuição de sangue, o estoque de bolsas de sangue no momento está em recuperação, porém os tipos AB+ e O+ estão em nível crítico

Apesar dos números abaixo do necessário para atender a demanda estadual, foi possível aumentar a quantidade de sangue coletado nos últimos sete dias, após convocação da população. A média ideal para atuação com segurança é de 250 doações por dia, com um estoque mensal de 1000 bolsas armazenadas. Em períodos normais, o comparecimento de doadores na instituição gira em torno de 180 a 250 por dia. Após o início da pandemia, esse número caiu em mais da metade.

A média de comparecimento de doadores ficou em torno de 90 a 120 pessoas por dia. Em janeiro foram 8.012 pessoas candidatas à doação e em junho esse número foi de 5.544. As doações estão 60% abaixo do que a média anual da Fundação. Por isso a importância de quem é apto a doar, realizar a ação.

“Empatia com o próximo”

Odinei Alfaia, 28, é doador desde 2011. Para ele, a atitude é um importante sinal de empatia com o próximo, principalmente por poder ajudar tantas pessoas que nem chega a conhecer. “Minha primeira doação foi em 2011, mas assiduamente passei a ser doador há dois anos. Eu me sinto muito bem graças a Deus e com bom estado de saúde, é uma gratificação a mim mesmo. As pessoas precisam sempre pensar no próximo”, conta.

Ingrid Ladislau, 36, possui anemia falciforme, uma condição que afeta os glóbulos vermelhos do sangue, que passam a ter a membrana alterada causando a anemia. Desde três meses de vida ela realiza transfusões sanguíneas para sobreviver, como muitos outros pacientes da doença.

“Foi descoberto com cerca de três meses e desde esse dia eu venho fazendo transfusões constantemente. Quando era pequena eu fazia transfusões um mês sim e um mês não, e às vezes eu tinha que esperar mais porque não tinha doador para mim. Várias vezes acabei me internando por falta de sangue”, conta.

Hoje em dia ela realiza um procedimento conhecido como sangria, onde é retirada uma quantidade de sangue, pelo excesso de ferro, e a transfusão. O procedimento também ajuda a diminuir a espessura do sangue no organismo, principalmente nas veias da cabeça. Ingrid já passou por quatro Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e ao precisar se internar já precisou receber até quatro bolsas de sangue.

“Imagine, eu tenho três doadores e precisei de quatro bolsas de sangue e fazer quatro sangrias, para ver se diminuía a taxa do S [tipologia para a hemoglobina] e o SS [hemoglobina que provoca a anemia falciforme], a taxa de ferro no meu sangue e tentar estabilizar a crise. Sou muito agradecida a Fundação Hemoam, por lutar por nós quando estamos já sem forças. É um time que não descansa a solução”, relata.

Uma bolsa de sangue pode ser dividida em até quatro partes 

Uma bolsa de sangue pode ser dividida em até quatro partes e cada parte pode ser usada por uma pessoa diferente. Por isso, uma bolsa salva quatro vidas. Cada bolsa de sangue só dura 42 dias, o que acende a necessidade de doadores voluntários para repor o estoque. No caso das plaquetas é mais importante ainda, pois duram apenas cinco dias.

O sangue doado é usado em diversas situações como em pacientes de doenças crônicas como a anemia falciforme, o lúpus e a hemofilia. Assim como também por pacientes de câncer, pessoas que sofreram acidentes e ainda pessoas que passaram por cirurgias emergenciais e eletivas.

Segundo o Hemoam, o O+ é o tipo de sangue de 70% da população amazonense o que torna a demanda maior e por este motivo é o tipo que falta mais rápido. Já o O- é o tipo doador universal, usado em casos emergenciais, quando não tem outros tipos, pois todos podem recebê-lo.

Quem pode doar?

  • Para ser doador é necessário atender os seguintes requisitos:
  • Ser uma pessoa com boa saúde, com idade entre 18 a 69 anos e peso a partir de 50 quilos;
  • Não ter tido hepatite depois dos 10 anos de idade;
  • Não ter comportamento sexual de risco;
  • Não ser usuário de drogas;
  • Não ter tido malária, doenças sexualmente transmissíveis ou recebido transfusão sanguínea nos últimos 12 meses;
  • Não ter tido febre nos últimos 30 dias;

No momento da doação, o candidato deve estar bem alimentado e munido de documento de identidade. Jovens de 16 e 17 anos podem doar com autorização formal do responsável ou representante legal.

Reportagem: Deborah Arruda/Em Tempo