Fapeam aumenta em mais de 100% o investimento em pesquisas no AM

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Para o rápido desenvolvimento do Amazonas, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) tem investido pesado em pesquisas aplicadas em áreas com maior potencial de retorno, como biodiversidade, produção de alimentos, piscicultura e cultivos. Para isso tem ampliado o número de editais e o valor dos investimentos. Até agosto deste ano, foram executados mais de R$ 31 milhões contra quase R$ 26 milhões referente à igual período do ano passado. A estimativa é fechar o ano em mais de R$ 84 milhões contra R$ 39 milhões investidos em 2017, um aumento de 116%.

O diretor-presidente da Fapeam, Edson Barcelos, revela que a estratégia é converter os resultados das pesquisas básicas em pesquisas aplicadas, ou seja, criar produtos, serviços, processos e informações, que possam gerar emprego e virar renda. “Este é o grande desafio. Nós não podemos ficar falando a vida inteira que a nossa biodiversidade é riquíssima, mas o caboclo continua lá no interior vivendo na linha da pobreza. Nós temos que usar essa biodiversidade para gerar emprego, para movimentar a economia e isso só será possível com pesquisa. Ciência e pesquisa são investimentos, se é investimento, tem que dar retorno para sociedade em um determinado momento, e quanto mais curto for esse prazo melhor”, ressalta.

Este ano, a Fapeam lançou dez editais, buscando focar em áreas com maior potencial de retorno e que tem mais a ver com a realidade do Amazonas, como biodiversidade, piscicultura, cultivos e assim por diante. “No estratégico, nos estamos muito mais precisos. Definimos a linha de pesquisa que queríamos priorizar. Pela primeira vez, nós apoiamos oito projetos na área de piscicultura, que é uma das áreas definidas pelo governo como prioritárias no setor primário. Na área da exploração da biodiversidade, foram aprovados 12 projetos, ou seja, exploração de plantas, animais, peixes, identificação de moléculas. É isso que deverá ser o carro chefe para futura economia do estado do Amazonas. Mas para isso é necessário que haja pesquisa, e a tendência é fortalecer cada vez mais esses eixos de pesquisa”, revela Barcelos.

Desafio – “No caso da piscicultura, atualmente o Amazonas importa tambaqui de Rondônia e Roraima. Isso não é justo com a quantidade de recursos naturais que possuímos aqui. Temos alguns gargalos na cadeia produtiva que precisam ser resolvidos, um deles é a quantidade de doenças. Temos vários projetos para resolver esses problemas, como melhoria de ração e assim por diante. A Fapeam sempre apoiou esses projetos, mas agora estamos dando mais foco e mais prioridade. São problemas já diagnosticados. Temos equipe técnica competente para solucionar isso, mas que só estavam precisando de apoio financeiro para encontrar a solução”, explica o diretor presidente da Fapeam.

Entre os pesquisadores debruçados sobre o tema do tambaqui, apoiado pela Fapeam, está o professor do Instituto Federal de Educação do Amazonas (Ifam) do Campus de Maués, José Lima, 32. Ele realiza um estudo científico pioneiro para controlar a infestação de acantocéfalo (Neoechinorhynchus buttnerae), espécie de parasito que ataca tanto tambaquis jovens quanto adultos, que absorve nutrientes dos alimentos ingeridos pelo animal, impedindo que se desenvolva e com isso o produtor passa a ter prejuízos.

Segundo Lima, o objetivo do estudo é avaliar e definir a melhor concentração de Cloridato de Levamisol (CL), um medicamento amplamente utilizado para tratar verminoses intestinais, porém em casos de tratamento de peixes, especificamente em tambaqui, ainda não havia pesquisa. “Não há uma orientação quanto à quantidade necessária que o produtor deve utilizar. Ele simplesmente lança o produto na água sem nenhum parâmetro de medida, podendo trazer prejuízos à produção e até para água”, explica.

Lima reconhece como fundamental o investimento via Fapeam para a realização dos estudos. “O apoio que a Fapeam vem nos dando é muito importante para o desenvolvimento da pesquisa aqui no Amazonas, tanto com os editais voltados para as pesquisas, assim como o fomento de bolsas de mestrado e doutorado, que a gente precisa para se manter, principalmente quem vem de outras cidades”.

Boa notícia – Para 2019, o investimento continuará crescendo. A previsão orçamentária do Plano Plurianual (PPA) supera R$ 100 milhões para aplicar em mais editais e em mais projetos. Um aumento de 30%, aproximadamente.