Decisão de Dino causa terremoto no crédito e paralisa empréstimos

Fontes do setor bancário alertam para possíveis prejuízos bilionários caso a interpretação se consolide.

BRASÍLIA – Uma medida do ministro da Justiça, Flávio Dino, relacionada a empréstimos consignados criou um cenário de insegurança jurídica que começa a impactar o sistema financeiro nacional. A decisão, originalmente específica, vem sendo interpretada de maneira ampliada pela Justiça, potencialmente afetando todas as modalidades de crédito no país.

O entendimento judicial generalizado tem levado instituições financeiras a reavaliarem suas operações de crédito. O principal temor do setor é que limitações originalmente destinadas a empréstimos consignados – aqueles com desconto em folha de pagamento – sejam aplicadas a todo o mercado de empréstimos.

Fontes do setor bancário alertam para possíveis prejuízos bilionários caso a interpretação se consolide. Diante da incerteza, muitas instituições consideram suspender temporariamente linhas de crédito por medo de futuras ações judiciais retroativas.

O governo federal tenta conter os danos, enfatizando que a decisão de Dino tinha caráter específico e não deve ser expandida para outras modalidades. No entanto, na prática, o entendimento dos tribunais é que prevalece.

O mercado de empréstimos consignados movimenta volumes significativos – aproximadamente R$ 20 bilhões mensais. Qualquer interrupção neste fluxo impactaria diretamente milhões de consumidores que dependem deste tipo de crédito.

O Planalto e o Ministério da Fazenda trabalham para dar clareza à situação. Uma reunião de emergência foi marcada com o presidente Lula para tratar do assunto, indicando a gravidade com que o governo encara a situação.

Enquanto não houver um posicionamento claro do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o alcance da decisão, o cenário deve permanecer de extrema cautela por parte das instituições financeiras. A morosidade do Judiciário em definir os limites exactos da medida mantém o setor em suspense sobre o futuro das operações de crédito no país.