Caso Vitória: Justiça do AM suspende processo contra cinco acusados por falta de provas

Segundo o MP, o sargento Lucas Ramon Guimarães, casado, foi morto após um caso com a mulher de Joabson Agostinho Gomes, apontado como mandante do crime.

MANAUS, AM — A Justiça do Amazonas decidiu pela impronúncia de cinco réus acusados de envolvimento na morte do sargento do Exército Lucas Ramon Guimarães, assassinado em 2021 em uma cafeteria no bairro Praça 14, em Manaus. A decisão, divulgada nesta quarta-feira (26), gerou reação imediata do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), que protocolou recurso contra a sentença já na quinta-feira (27). Enquanto isso, Silas Ferreira da Silva, apontado como executor dos disparos, permanece preso preventivamente.

O caso, que ganhou repercussão por envolver traição e disputas passionais, teve como pivô um suposto relacionamento extraconjugal entre o militar e a esposa de Joabson Agostinho Gomes, dono da rede de supermercados Vitória e um dos impronunciados. A denúncia inicial do MP apontava Joabson como mandante do crime, enquanto Romário Vinente Bentes, gerente de uma unidade da rede, e as funcionárias Kamylla Tavares da Silva, Kayandra Pereira Castro e Kayanne Castro Pinheiro dos Santos também figuravam como coautores.

Decisão controversa

A impronúncia, conforme explicado pelo juiz Fábio Lopes Alfaia na sentença, não significa absolvição definitiva, mas sim que não há provas suficientes para levar os réus ao Tribunal do Júri. O magistrado determinou ainda a revogação das medidas cautelares impostas aos cinco acusados, expedindo contramandados para suspender eventuais restrições judiciais.

Para o promotor Márcio Pereira de Mello, da 105ª Promotoria de Justiça de Manaus, a decisão é equivocada. Ele defende que todos os acusados, incluindo Joabson como mandante, devem ser submetidos ao crivo popular. Em sua argumentação, o promotor destaca que Silas confessou à polícia ter sido contratado para matar o sargento e detalhou como recebeu instruções e um celular para coordenar a execução – possivelmente entregue por uma funcionária do supermercado Vitória.

Crime passional

As imagens das câmeras de segurança da cafeteria mostraram o momento exato do assassinato. Um homem armado entrou no estabelecimento, disparou contra Lucas Ramon e fugiu em uma motocicleta. O sargento, que era casado, foi alvo de uma emboscada motivada, segundo a denúncia, por ciúmes e vingança.

Joabson, empresário bem-sucedido, teria descoberto o envolvimento da esposa com o militar e, inconformado, articulado a execução. Para o MP, há indícios robustos de planejamento e participação de outros funcionários do supermercado Vitória no crime, incluindo o repasse de informações sobre os movimentos da vítima.

Desdobramentos e polêmica

A decisão de impronúncia reacendeu o debate sobre a complexidade processual nos casos de homicídio doloso. Enquanto a defesa dos cinco acusados celebra a decisão como “justa e tecnicamente fundamentada”, familiares do sargento Lucas Ramon expressam frustração e clamam por justiça.

Agora, cabe à Justiça analisar o recurso apresentado pelo MPAM. Enquanto isso, Silas Ferreira segue detido, aguardando seu julgamento isoladamente. Resta saber se novas provas ou testemunhos poderão alterar o rumo do processo e levar os demais réus ao banco dos jurados, respondendo diretamente à sociedade pela morte do sargento manauara.