AMAZONAS — O caso da artista venezuelana Julieta Hernández, brutalmente assassinada em dezembro de 2023 em Presidente Figueiredo, está prestes a dar mais um passo significativo na busca por justiça. A primeira audiência de instrução e julgamento está marcada para esta sexta-feira, 30 de agosto de 2024, no município onde ocorreu o crime.
Luta pela Reclassificação do Crime
A família de Julieta está lutando para que o crime seja reclassificado de latrocínio para feminicídio. Apesar de uma intensa mobilização nacional e do pedido formal da família, o promotor responsável pelo caso recusou a reclassificação. Durante a audiência, as partes apresentarão evidências e testemunhos, com a esperança de que o juiz reconheça a gravidade do crime e o contexto de xenofobia envolvido, dado que Julieta era uma cidadã venezuelana.
O advogado Carlos Nicodemos, que representa a família, expressou a expectativa de que a justiça compreenda a situação. Ele afirmou: “Esperamos que a partir da oitiva das testemunhas se estabeleça o entendimento de que se trata de um feminicídio”.
Contexto do Crime
Julieta Hernández, de 38 anos, estava viajando de bicicleta pelo Brasil em direção à Venezuela quando desapareceu em 23 de dezembro de 2023. Seu corpo foi encontrado em janeiro de 2024, após 14 dias de buscas. As investigações revelaram que ela foi estuprada, assassinada e teve seu corpo queimado por Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos, que confessaram o crime
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A brutalidade do caso gerou uma onda de protestos e mobilizações em defesa dos direitos das mulheres, com a hashtag #JulietaPresente ganhando destaque nas redes sociais.
Presença de Entidades de Apoio
A audiência contará com a presença de diversas entidades que apoiam a luta contra a violência de gênero, incluindo a Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher e a União Brasileira de Mulheres. Denise Motta Dau, secretária nacional, enfatizou que o gênero foi um fator determinante para a violência sofrida por Julieta, reforçando a necessidade de reclassificação do crime como feminicídio.