Caso Genivaldo: OAB quer que MPF determine a prisão dos policiais envolvidos

Policiais admitiram que usaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo dentro de viatura. — IMAGEM: REPRODUÇÃO

SERGIPE — Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) irão se reunir com o Ministério Público Federal na tarde desta quinta-feira (2) para exigir a prisão cautelar dos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) envolvidos na abordagem de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, na BR-101 no município de Umbaúba (SE), que terminou com sua morte.

Para o presidente da OAB em Sergipe (OAB-SE), Danniel Costa, é necessário que o MPF se empenhe em realizar uma investigação rigorosa sobre o caso.

“Eles são servidores públicos, têm o dever de falar a verdade na condução de Genivaldo até a delegacia. No boletim de ocorrência que eles prestaram, eles deturparam as informações. Disseram que Genivaldo agiu com grave violência aos três agentes e que a morte foi causada por um mal súbito, isso não é verdade. Tanto o laudo que atestou a morte como as imagens que circularam no Brasil e no mundo, mostram que na verdade houve uma abordagem equivocada da Polícia Rodoviária Federal”.

Em depoimento, os policiais confirmaram o uso de spray de pimenta e gás lacrimogêneo. Eles jogaram os produtos dentro da viatura, onde prenderam Genivaldo. Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a vítima morreu de asfixia e insuficiência respiratória. Os agentes já foram afastados de suas funções.

Entenda o caso

Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, que morreu após uma abordagem policial em Umbaúba (SE), foi parado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na quarta-feira (25), porque estava pilotando uma moto sem usar capacete.

Depois de parar a moto, a vítima, que sofria de esquizofrenia, teve mãos e pés amarrados. Mesmo sem reagir à abordagem, ele foi agredido pelos agentes. Parentes que presenciaram a cena informaram aos policiais que Genivaldo tinha problemas mentais – ele fazia tratamento para esquizofrenia há 20 anos.

“Ele pegou, botou a mão no bolso e puxou os remédios junto com a receita de que ele tem problema mental. Quando chegou o reforço, o policial veio, botou as mãos dele pra trás e começou a chutar as pernas dele. ‘Porque eles estão fazendo isso comigo se eu não fiz nada pra vocês?’”, relatou o sobrinho de Genivaldo, Walissom de Jesus, à TV Globo.

Ele foi colocado no porta-malas da viatura e imagens revelam que os policiais encheram o veículo de gás, usando uma bomba de gás lacrimogêneo.