BRASÍLIA — Faltando menos de uma semana para as eleições municipais de 2024, o cenário político do Brasil revela um aumento na participação de candidatos indígenas, conforme apontam dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O número de candidaturas indígenas cresceu 14,13% em relação ao pleito de 2020, saltando de 2.172 para 2.479 registros de candidatos que se autodeclararam indígenas. Este aumento reflete uma maior mobilização dessa população nas esferas políticas municipais e uma busca crescente por representatividade em diferentes estados do país.
O valor corresponde a 0,53% das 463 mil candidaturas registradas no TSE. Em termos de comparação, a população indígena do país é de 0,83% do total de brasileiros, segundo dados do Censo 2022.
Roraima se destaca como o estado com o maior número proporcional de candidatos indígenas. Em 2024, 7,10% do total de candidaturas registradas no estado são de indígenas, mantendo Roraima como a unidade federativa com a maior concentração desse público, posição que já ocupava nas eleições de 2020, quando 7,95% dos candidatos se identificaram como indígenas.
Em termos de alinhamento político, a maioria dos candidatos indígenas está vinculada a partidos de direita, que concentram 41,87% das candidaturas desse grupo. Os partidos de esquerda também têm uma participação considerável, com 40,42% dos candidatos indígenas filiados a siglas alinhadas a essa vertente política. Outros 17,71% dos candidatos indígenas se filiaram a partidos de centro, mostrando uma distribuição equilibrada entre os diferentes espectros políticos.
A ampliação das candidaturas também surge em um contexto de intensificação dos debates sobre os direitos dos povos originários, demarcação de terras e preservação do meio ambiente, pautas que têm ganhado mais destaque tanto no cenário político quanto na sociedade civil nos últimos anos.
Cor ou raça
Os dados divulgados também fazem parte de um levantamento mais amplo que analisa as candidaturas no Brasil em 2024 por cor e raça. No total, foram registradas 207.467 (45,64%) candidaturas de pessoas que se identificaram como brancas; 187.903 (41,34%) que se declararam pardas; 51.782 (11,39%) pretas; 2.479 (0,55%) indígenas; 1.756 (0,39%) pessoas amarelas; e 3.141 (0,69%) que não informaram sua cor ou raça.
Entre todos esses grupos, os candidatos indígenas foram os únicos que tiveram um crescimento em sua participação nas eleições deste ano, um aumento que ocorreu em todas as regiões do Brasil.