Bolsonaro passa por treinamento para prestar depoimento à PF

Ex-presidente é investigado por suposta fraude no cartão de vacinação. © CRISTIANO MARIZ / AGÊNCIA O GLOBO

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) fará treinamentos com advogados para se preparar ao depoimento que prestará à Polícia Federal na próxima terça-feira (16). O capitão da reserva terá que prestar esclarecimentos sobre a suposta fraude no cartão de vacina.

O ex-presidente está sendo orientado pelo advogado Paulo Amador da Cunha Bueno e também pelo ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten.

A Polícia Federal irá confrontar Bolsonaro em relação às ações do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que está preso. Inicialmente, o tenente-coronel passou a ser suspeito de ter atuado sozinho no caso. Porém, a PF tem elementos que apontam possível envolvimento de Bolsonaro.

A Polícia Federal realizou uma operação contra suspeitos de fraudar os cartões de vacinação de Bolsonaro no último dia 3 de maio. Seis pessoas foram presas, inclusive o ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid.

Os investigadores suspeitam que a falsificação foi motivada pela necessidade do comprovante de vacinação contra a Covid-19 para entrar nos Estados Unidos, onde Bolsonaro ficou entre os últimos dias de dezembro e o fim de março.

Bolsonaro negou a participação no esquema e confirmou que não tomou o imunizante contra a Covid-19.

Enfermeira admite ter liberado senha para alterar cartão de Bolsonaro

A enfermeira Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva confirmou, em depoimento à Polícia Federal, que liberou a senha do sistema para a alteração do cartão vacinal do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus assessores. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

Ela admitiu ter entregado os dados ao secretário de governo de Duque de Caxias, João Carlos Brecha. Segundo os investigadores, Brecha foi responsável pela inclusão do imunizante contra a Covid-19 no cartão vacinal de Bolsonaro e de sua filha Laura Bolsonaro. A alteração aconteceu no dia 21 de dezembro do ano passado, uma semana antes da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos.

No dia 27 de dezembro, Brecha utilizou a senha de Cláudia para apagar o registro vacinal do ex-presidente. Ela disse que pediu explicações à Brecha, que afirmou que não poderia dizer o motivo da solicitação do dado para não “envolvê-la em problemas, por se tratar de pessoas relevantes”.

No depoimento, ela disse não ter visto problema no fornecimento da senha e só passou a ajudar o secretário após um pedido de sua chefe, a secretária de Saúde Célia Serrano. Claudia disse que não conhece Brecha pessoalmente e que as conversas foram apenas pelo WhatsApp.