No vôlei ou no basquete convencional, a diferença de altura entre dois atletas pode ser compensada pela impulsão. Se o jogador mais baixo tiver facilidade no salto vertical, ele consegue bloquear o mais alto. Mas, no vôlei sentado, que tem o contato com o solo como premissa, a altura, aliada à envergadura dos braços, faz toda a diferença. Ainda mais se um jogador for 60, 70, 80 centímetros mais alto que os rivais.
Assim, não é difícil entender o sucesso de Morteza Mehrzadselakjani, do Irã, no vôlei sentado. O atleta tem incríveis 2,46m, o que faz dele a terceira pessoa mais alta do mundo segundo o Guinness Book. Mas também tem uma deficiência que faz com que sua perna direita seja 15 centímetros menor que a esquerda, o que atrapalha que ele fique de pé, ao menos não sem um auxílio extra.
Mehrzad, como é conhecido, sofre de acromegalia, uma condição rara que causa a produção excessiva de hormônios do crescimento e faz com que ele seja tão maior que a média da população mundial. Quando tinha 15 anos, ele sofreu uma lesão na região da pélvis em um acidente de bicicleta. O iraniano continuou crescendo, mas com a perna direita em ritmo mais lento.
Além de todos os riscos relacionados à acromegalia, que incluem diabetes, hipertensão e insuficiência cardíaca, Mehrzad passou a conviver com a vergonha de sair de casa. Até que sua história foi contada, em 2011, em uma reportagem de televisão e chegou até a comissão técnica da seleção de vôlei sentado do Irã, que já era a melhor do mundo e que, como todas as outras, procurava por atletas de grande estatura.
Depois que o Brasil passou a colocar para jogar atletas com mais de 1,80m e obteve sucesso na modalidade, outros países adotaram a mesma estratégia. E um jogador de 2,46m seria, naturalmente, uma grande arma. Por meio do canal de televisão, a comissão técnica da seleção de vôlei sentado chegou até Mehrzad e o convenceu a tentar.
“Demos-lhe esperança, era isso que ele procurava. Antes de se tornar famoso, quando saía de casa, ele dizia que todos olhavam para ele com uma cara estranha. Agora que é famoso, todo mundo quer tirar uma foto com ele. É um campeão”, contou o técnico Hadi Rezaei.
Mehrzad não tinha nenhuma técnica para jogar vôlei sentado, então, teve de aprender tudo. Tornar-se um atleta. Quando isso aconteceu, ele se tornou o melhor do mundo, graças, principalmente, à sua capacidade de atacar por cima dos bloqueios adversários e de, ele mesmo, fechar a porta dos ataques rivais com o bloqueio.
Com ele na equipe, o Irã faturou o ouro na Paralimpíada do Rio e caminha para repetir o resultado em Tóquio. Neste sábado (28), ele marcou 18 pontos na vitória por 3 sets a 0 sobre a Alemanha, fechando o jogo como o maior pontuador da partida. Mehrzad também foi quem fez mais pontos de ataque (14) e de bloqueio (quatro).
Com ele na equipe, o Irã faturou o ouro na Paralimpíada do Rio e caminha para repetir o resultado em Tóquio. Neste sábado (28), ele marcou 18 pontos na vitória por 3 sets a 0 sobre a Alemanha, fechando o jogo como o maior pontuador da partida. Mehrzad também foi quem fez mais pontos de ataque (14) e de bloqueio (quatro). As informações são do Folhapress.