Os municípios de Iranduba (37 km de Manaus) e Manacapuru (103 km de Manaus) tiveram os serviços de energia elétrica interrompidos depois que cabos subaquáticos entraram em curto-circuito. A falta de energia da rede que abastece a região, teve início na tarde de sexta-feira (19), por volta das 13h50 e normalizou apenas na sexta-feira (26).
No entanto, inúmeros prejuízos foram contabilizados pelas famílias do Município de Iranduba. Prejuízos maiores foram na área da agricultura e comércio. Famílias de agricultores de alface, tomates e pepino tiveram suas produções estragadas após a interrupção do fornecimento de energia e água.
Para o agricultor de alface e tomates, Mozart Gomes da Silva, morador do Ramal da Morada do Sol, no município de Iranduba, relatou que durante a semana de falta de energia e água, perdeu 100 por cento da produção de alface e tomates, com prejuízo equivalente a 43 mil reais.
“Nós estávamos com a produção de 24 mil pés de alfaces plantados e dois mil e setecentos tomates, perdemos tudo. Fornecemos esses materiais para a feira de Iranduba e supermercados de Manaus, não conseguimos fazer as entregas pra ninguém, vamos começar a plantação do zero, essa é a renda que temos para o sustento de nossa família”, relatou o agricultor.
A esposa de Mozart, a senhora Rejane Balbino de Andrade, que também trabalha na plantação de alfaces e tomates relata a indignação que teve após ver toda a produção estragada.
“É um sentimento de dor e tristeza você ver seu trabalho todo sendo destruído pela falta de água na produção. Nós usamos uma bomba d´água para irrigar por cima e por baixo os alfaces e tomates. A bomba funciona com energia elétrica. E a falta de energia também ocasiona a falta de água”, desabafou Rejane.
Outro relato foi de Raimundo, que trabalha com a plantação de alface conta como ficou a produção.
“É daqui que a gente coloca pra mesa do consumidor, é daqui que a gente tira nosso sustento. Estamos orando a Deus que energia não vá embora novamente, e acabe com todo o esforço que tivemos pra recuperar o que foi perdido”, conta o agricultor.
Outra produção afetada foi a de Genilson da Silva Alves, produtor de pepino e mamão, morador do Ramal Morada do Sol. Relata que teve a plantação de pepino estragada e seca, e a produção que restou ficou comprometida.
“A falta de energia e de água prejudicou a minha produção. Com a falta de energia tivemos a falta de água também e isso fez com que a plantação de pepino secasse e perdi 33 dias de trabalho com prejuízo de 7 mil reais”, declarou Genilson.
A Pré-canditata a prefeitura de Iranduba, Maria Silva, visitou as famílias de agricultores e conversou com eles para entender de que forma pode ajudar as famílias para que eles sejam ressarcidos pelas perdas que tiveram em suas produções. A pré-candidata relatou que irá ajudá-los intermediando frente aos órgãos públicos para que as promessas que fizeram ao povo de Iranduba sejam realmente realizadas.
“Vamos orientar as famílias que não tem informações sobre como podem procurar os órgãos responsáveis para garantir seus direitos, o povo tá sofrendo e não tem quem olhe por eles, apenas promessas, vamos garantir que esses direitos não sejam apenas promessas. Outra questão é as famílias do Cacau Pirêra que não tem água potável após o retorno de energia. É uma vergonha o que fazem com o povo”, ressaltou a pré-candidata Maria Silva.
Em nota oficial no site, a Amazonas Energia pronunciou as medidas emergenciais que foram tomadas para retomar o fornecimento de energia nos dois municípios.
“Amazonas Energia informa que foram disponibilizados cinco (5) grupos geradores a estabelecimentos de Iranduba e Manacapuru, que prestam serviços essenciais à população. Na cidade de Iranduba foi instalado um grupo gerador de 300 kVA no hospital e outro de 175 kVA em um dos poços do sistema de abastecimento de água. No município de Manacapuru também foi instalado um grupo gerador de 300 kVA no hospital da cidade, outro de 600 kVA no sistema de abastecimento de água e um de 50 kVA no fórum de justiça”, relatou em nota.
A Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, entra com uma ação civil publica contra a Amazonas energia por conta do apagão ocorrido nos dois municípios. De acordo com Marco Aurélio Choy, presidente da OAB Amazonas, a ação civil visa uma multa de 20 milhões de reais a Amazonas Energia que será revestida ao Fundo estadual de defesa do consumidor. Outra medida é que os moradores afetados fiquem por três meses sem pagar as contas de energia.
A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), realizou uma audiência pública na sexta-feira (26) em Iranduba, para discutir sobre o apagão que afetou mais de 200 mil famílias. O que ocorreu foi que as pessoas que participaram ficaram sem saber se os prejuízos que elas tiveram serão realmente ressarcidos, pois na audiência apenas pegaram nomes das pessoas e nada foi prometido em relação aos danos causados pela falta de energia.
Durante a audiência o Programa Estadual de Proteção e Orientaçãoagri ao Consumidor (Procon-AM) distribuiu fichas de declarações de prejuízos provocados pela falta de energia, mas a população ficou receosa pois, não houve garantias apupáveis que os prejuízos sejam ressarcidos.
Cacau Pirêra
Após uma semana da Falta de energia e a falta de água, muitas famílias perderam eletrodomésticos, principalmente queima de geladeiras. Outro caso é o fornecimento de água. Mesmo com os serviços restabelecidos, a água que está sendo fornecida para os moradores do Cacau Pirêra é imprópria para consumo. Moradores relatam que água do poço artesiano está vinda com lama, sujeito a provocar doenças.