Lixão peruano afeta saúde de moradores em Benjamin Constant

De acordo com a DPE-AM, o lixão a céu aberto despeja resíduos sólidos diretamente nas águas do rio.
BENJAMIN CONSTANT, AM — A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) fez um apelo formal ao governo federal brasileiro para intervir em uma grave crise ambiental que afeta diretamente a população do município de Benjamin Constant, na região do Alto Solimões. O problema envolve a contaminação do rio Javari, causada por um lixão flutuante instalado há décadas no vilarejo de Islândia, no Peru, próximo à tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

Moradores convivem há décadas com água contaminada

De acordo com a DPE-AM, o lixão a céu aberto despeja resíduos sólidos diretamente nas águas do rio, impactando comunidades ribeirinhas brasileiras e peruanas, além de ameaçar povos indígenas e a biodiversidade local. A situação inclui o descarte de resíduos hospitalares e material tóxico, elevando o risco de surtos de doenças e contaminações em série.

O defensor público geral do Amazonas, Rafael Barbosa, classificou o caso como uma violação grave de direitos humanos e ressaltou a urgência de uma resposta coordenada entre os países envolvidos. Segundo ele, a omissão prolongada agrava ainda mais o quadro de vulnerabilidade social e ambiental dos moradores de Benjamin Constant, que dependem das águas do rio para o consumo e sobrevivência.

Defensoria cobra articulação internacional

O problema ambiental no Javari não é recente. A DPE-AM afirma que a contaminação acontece há cerca de 20 anos e nunca recebeu o tratamento diplomático e ambiental necessário para sua solução definitiva. A instituição defende a criação de uma força-tarefa binacional ou trinacional com Peru, Colômbia e Brasil para desativar o lixão e garantir condições básicas à população afetada.