
ITACAJÁ, TO — Um jabuti-tinga foi resgatado sob o piso de uma casa em Itacajá (TO), após cerca de uma década preso em condições extremas. A descoberta, ocorrida em 7 de fevereiro, surpreendeu a moradora Luiza Coelha, que buscava resolver uma infiltração. Segundo o biólogo Aluísio Vasconcelos, o animal sobreviveu graças à estivação — um mecanismo de redução metabólica para economizar energia em períodos quentes — e ao metabolismo lento típico de répteis. *”Eles podem ficar semanas sem comer, e a estivação os protege da desidratação”*, explicou. O caso, que viralizou nas redes, revela a incrível adaptação desses animais.
Luiza relatou ao g1 que o jabuti provavelmente chegou ao local ainda filhote, misturado a cascalho durante uma reforma há cerca de 10 anos. Encontrado com deformações no casco, o animal também apresentava sensibilidade à luz e falta de melanina, indícios de anos sem exposição solar. *”Ele ficou imprensado perto da cerâmica, o que explica as marcas”*, disse a moradora. O biólogo destacou que, mesmo em isolamento, o jabuti se alimentou de insetos, adaptando-se à dieta disponível no ambiente úmido e escuro.
Apesar da resistência, o jabuti-tinga precisará de acompanhamento veterinário para se readaptar. Aluísio Vasconcelos alertou para a necessidade de exposição gradual ao sol e dieta balanceada. O caso, ainda sem resposta do órgão ambiental Naturatins, ilustra lacunas no estudo de répteis em condições extremas no Brasil. *”Faltam pesquisas sobre quanto tempo essas espécies suportam situações assim”*, pontuou. Enquanto isso, a história do sobrevivente silencioso sob o piso emociona e desafia a compreensão sobre os limites da vida selvagem.


