Whindersson vs Popó: as duas feras se enfrentam hoje no boxe

O youtuber encara o tetracampeão mundial de boxe neste domingo, em Santa Catarina. Apesar do embate improvável ser novidade no Brasil, duelos entre atletas profissionais e amadores se tornaram um negócio lucrativo. (Imagem: Reprodução)

De um lado, Whindersson Nunes, um dos mais bem sucedidos youtubers do mundo, com mais de 37 milhões de seguidores. Do outro, Acelino Popó, simplesmente tetracampeão mundial de boxe. Os dois se enfrentarão no domingo, 30, num duelo que, até pouco tempo atrás, seria bem improvável, mas que faz parte de uma transformação pela qual passa o mundo das lutas. Esse universo, antes restrito apenas para pugilistas profissionais, ganhou a presença de um tipo novo de atleta: os youtubers.

Whindersson treina boxe há pouco mais de 6 anos, o que é praticamente nada se comparado com a expertise de Popó no esporte. Nos discursos de Nunes pré-embate, o comediante tem destacado o interesse em compartilhar com a sua audiência o amor pela luta, além de mostrar que é possível alcançar níveis de alta performance em um esporte caso exista dedicação.

“Escolhi o boxe como uma maneira de me manter saudável. Me deixa com coração bom, sangue bom, mais tranquilo. Acho que a galera sabe pouco do poder que o esporte tem na vida de uma pessoa”, disse o youtuber. Obviamente, não é só isso. A composição de cards de luta que misturam famosos com profissionais é um negócio milionário, que retorna aos envolvidos muito dinheiro.

O pontapé inicial para esse modelo de entretenimento vem dos Estados Unidos, com os irmãos, também youtubers, Jake e Logan Paul. Jake, que se saiu melhor nos embates que realizou até o momento, tem 5 vitórias em 5 combates, incluindo nocautes sobre as ex-estrelas do UFC Ben Askren e Tyron Woodley. Para se ter uma ideia, segundo a revista Forbes, Jake Paul faturou nada menos do que 45 milhões de dólares com suas lutas no ano de 2021. Caso ele fosse contabilizado na lista da revista dos atletas mais bem pagos do último ano, ele ficaria na 20ª posição, à frente de grandes nomes do esporte como Phil Mickelson (41 milhões de dólares) e Novak Djokovic (34,5 milhões de dólares).

Apesar dos críticos apontarem que a mistura de mundos possa ser o declínio do boxe e de outras artes marciais, os grandes campões parecem não concordar. Floyd Mayweather, que detém um recorde de invencibilidade de 50 lutas profissionais e vários cinturões de títulos mundiais em seu nome, quando enfrentou Logan Paul, no ano passado, recebeu cerca de 150 milhões de dólares com a bolsa da luta e as vendas do pay-per-view (PPV). Sabendo das possibilidades, Mayweather aceitou lutar com outro youtuber. No dia 20 de fevereiro, ele enfrenta o bilionário Reshad “Money Kicks” Belhasa, de 19 anos, em Dubai.

Há a estimativa de que se um nome do nível de Mike Tyson entrasse na onda o pagamento chegaria na casa dos 50 milhões de dólares. Tyson já descartou, mas outras lendas já demonstraram interesse em subir no ringue contra famosos. Anderson Silva desafiou os irmãos Paul e Wanderlei Silva é cotado como o próximo combate de Nunes.

No caso de Popó e Whindersson, as cifras são menores, mas ainda sim relevantes para um modelo de negócio que está no início. Em uma participação de Nunes no podcast “18k”, ele revelou que o valor da premiação do confronto é de 12 milhões de reais. Ele também explicou que, por ser uma luta de exibição, a intenção é chegar ao último round sem contagem de pontos. Modelo também adotado pelos irmãos Paul nas primeiras lutas que realizaram. Já a organização do evento Fight Music Show revelou que foram vendidas 200 mil cotas de PPV, resultando em um lucro próximo de 13 milhões de reais.

Além de Whindersson e Popó no combate principal, o evento, que acontece em Balneário Camboriú, Santa Catarina, contará com o retorno de Rogério Minotouro aos ringues. Aposentado do MMA desde 2020, o veterano tem no currículo uma medalha de bronze defendendo o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2007. O adversário dele será Leonardo “Leleco” Guimarães. Outro duelo do card será entre o pugilista Esquiva Falcão, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, e o ex-BBB Yuri Fernandes.

Em setembro de 2019, Whindersson Nunes debutou no boxe amador ao encarar um rival conhecido apenas por Mário. Promovido pelo evento ‘New Champion’, o triunfo de Nunes veio pela decisão dos juízes. O combate não serve como referência para determinar o desempenho neste domingo, mas ao levar em conta o rival, o fim da noite do youtuber pode ser abraçado com a lona.

Fight Music Show
30 de janeiro de 2022, às 19h, em Balneário Camboriú.

Transmissão feita pelo canal Combate

Card de lutas:
Boxe – Whindersson Nunes x Acelino ‘Popó’ Freitas
Rogério Minotouro x Leonardo ‘Leleco’ Guimarães
Esquiva Falcão x Yuri Fernandes

Kickboxing – Matheus Aires x Igor Merlin

MMA – Stephanie Luciano x Andressa Romero
Pedro Machado x Marcelo Marques
Mario Sousa x Antônio Gordilho

FONTE: EXAME