Vereador vai pedir a interdição da Rodoviária de Manaus

Vereador afirma que terminal rodoviário de Manaus não tem condições de atendimento devido à falta de estrutura e saneamento.

O vereador Sassá da Construção civil (PT) informou em tribuna na manhã de ontem na Câmara Municipal de Manaus (CMM), que vai solicitar a interdição da Rodoviária de Manaus por meio de uma representação no Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM).

O pedido, segundo o parlamentar, é em decorrência à situação de abandono que o local se encontra. “Eu como manauara, tenho vergonha daquela rodoviária que não tem as mínimas condições de atender seu público devido a falta de saneamento básico, de estrutura e a falta de limpeza que tem deixado o local praticamente como um  lixão”, disse o parlamentar, que destacou a precária situação dos venezuelanos que ocuparam o entorno da rodoviária.

“Eu espero que esta solicitação ao Ministério Público do Estado chame a atenção das autoridades responsáveis pelo local, pois, até hoje não sabemos se a rodoviária é de competência da prefeitura, Estado ou União, mas se esta intervenção ocorrer, talvez saibamos quem deveria estar cuidando de lá”, afirmou o vereador.

Quanto à situação dos venezuelanos que estão alojados ao redo da rodoviária, o vereador Elias Emanuel (PSDB) afirmou que após acionar a Secretaria da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) foi informado que na semana que vem um representante do governo federal virá a Manaus para tratar do processo de interiorização dos refugiados venezuelanos.

“O assunto será acertado com base numa agenda com o prefeito Artur Neto e com o governador Wilson Lima”, disse o vereador.

Durante as discussões em plenário, Amauri Colares (PRB) também comentou sobre a situação de exposição dos passageiros a doenças trazidas pelos imigrantes.

“Não é somente a questão da instalação das barracas ao rendor do local, mas já tiveram casos de tuberculose detectado entre eles (venezuelanos), o que coloca em risco os milhares de passageiros que utilizam o local e vão o interior do nosso Estado”, declarou Colares.

Indefinição

Questionada sobre o assunto, a Prefeitura de Manaus informou que o terminal rodoviário passou a ser coordenado pelo governo do Estado.

Conforme apurado pela reportagem, a mais recente “reforma” que ocorreu na rodoviária foi em 2014, onze dias antes da realização da Copa do Mundo que teve Manaus como uma de suas sedes. Na ocasião, as plataformas de embarque e desembarque foram interditadas para a pintura de salas e fachadas no local.

Atualmente, o terminal atua com cerca de 30.600 mil passageiros por mês, com destino a 15 municípios do Amazonas, conforme dados da Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsam).

Inauguração

A Rodoviária de Manaus oficialmente chamada de Terminal Rodoviário Engenheiro Huascar Angelim foi inaugurada em 1980. O local atende linhas com destino aos municípios da Região Metropolitana de Manaus e interior do Amazonas, além de rotas interestaduais para Rondônia e Roraima, e internacional para a Venezuela.

Vozes nas ruas

“Redobramos o cuidado devido à instalação dos venezuelanos, porque  eles sempre brigam e já até ocorreu um esfaqueamento. Fora que eles usam drogas, bebem e algumas mulheres se prostituem”, Antonio Claudio, taxista.

“Todos os dias eles jogam foram coisas que fazem falta na minha casa, são quilos de comida, roupas e sapatos. É assim que eles estão precisando? Porque tudo isto faz falta para os meus sete filhos”, diz Marcicleide Maués, funcionária da Semulsp.

“Trabalho aqui há sete anos e a posso afirmar que a rodoviária está abandonada. Falta estrutura e segurança, tanto, que é comum pessoas que vem para a rodoviária de ônibus serem assaltadas”, diz Diego Andrade, flanelinha.

“É desconfortável utilizar uma rodoviária como esta, que não proporciona o mínimo de estrutura aos seus passageiros. Aqui era para ser nosso cartão postal”, diz Antonio Lima, passageiro.

Mudança de local é analisada

Em janeiro deste ano, quando iniciou as articulação de parceria com o governo do Estado, o prefeito de Manaus, Artur Neto (PSDB), confirmou à reportagem do A Crítica o compromisso de analisar a situação da rodoviária da capital, que para ele, enfrenta problemas no funcionamento e na infraestrutura.

Na ocasião, o prefeito relatou a possibilidade de mudar o terminal rodoviário de lugar e que estava analisando três locais, dos quais um é o Aeroclube do Estado do Amazonas, localizado na avenida Professor Nilton Lins, no bairro Flores.

Segundo ele, a opção de escolha do aeroclube ainda precisaria ser articulada com todos os envolvidos, mas que seria um ponto ideal devido à proximidade com a sede atual.

Para o doutor em Engenharia de Transportes e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Geraldo Alves, mudar a rodoviária não seria bom, pois ela já está instalada num local adequado para seus trabalhos e funcionamentos.

“Ela só precisa ser reformada e ampliada. Seria importante melhorar a conexão com o transporte coletivo, pois o  local é de fácil acesso e de boa conectividade”, afirmou o doutor.

Por ACRÍTICA