Trump sinaliza possível redução de tarifas sobre Brasil

EUA — Donald Trump admitiu pela primeira vez que pode recuar nas tarifas punitivas impostas ao Brasil. A declaração aconteceu neste sábado (25), durante embarque para a Malásia, onde acontece a cúpula da Asean e onde um encontro com Lula está sendo articulado nos bastidores.

“Acredito que vamos nos ver novamente, já nos encontramos na ONU, será em breve”, disse Trump à imprensa, segundo áudio da Casa Branca. Quando perguntado se reduziria os 50% de sobretaxas aos produtos brasileiros, o presidente americano não descartou, mas condicionou às “circunstâncias corretas”.

Reunião não oficial entre presidentes

Brasília e Washington não confirmam oficialmente o encontro, mas ambos os governos deixaram janelas livres na agenda de domingo (26) à tarde, horário local da Malásia. No Brasil, seria início da manhã.

As tarifas americanas foram justificadas por Trump como resposta à condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão. O republicano classifica o processo como perseguição política ao seu aliado. Mas a medida começou a causar problemas dentro dos Estados Unidos.

O setor de proteína animal entrou em colapso. Sem a carne brasileira, os preços dispararam para recordes históricos. O rebanho americano encolheu e o mercado não consegue suprir a demanda interna.

Lula aposta em dados econômicos

O presidente brasileiro desembarcou na Malásia vindo da Indonésia, onde deixou claro que vai à mesa de negociação sem tabus. “Se não acreditasse em acordo, nem faria reunião”, afirmou Lula na quinta-feira (23).

A estratégia brasileira passa por desmontar os argumentos econômicos de Trump. Lula quer provar com números que os Estados Unidos não têm déficit comercial com o Brasil e que as tarifas prejudicam mais os americanos que os brasileiros.

O petista também pretende discutir as sanções contra ministros do STF, tema que considera inaceitável na relação entre países soberanos.

“Tenho disposição para defender o Brasil e mostrar os equívocos. Quero apresentar números reais”, disse Lula.

O presidente brasileiro já prepara outro trunfo: usar a inflação americana como argumento. “Trump sabe que a carne está cara lá. É preciso baixar o preço. O café também está subindo”, pontuou, indicando que o Brasil pode ser parte da solução para problemas domésticos dos EUA.

O possível encontro na Malásia pode marcar uma virada nas relações comerciais entre os dois países, mas tudo dependerá da disposição de Trump em ceder diante das pressões internas e dos argumentos brasileiros.