MANAUS — Depois da seca devastadora de 2023, a cidade de Manaus enfrenta um novo desafio ambiental: o acúmulo de lixo em suas margens. A tragédia ambiental que se desdobrou durante a estiagem do ano anterior revelou uma realidade alarmante nas margens dos rios que cortam a capital do Amazonas.
Agora, em 2024, os resíduos descartados poderão retornar – por que não ? – para assombrar a cidade de uma maneira ainda mais terrível. É só esperar para ver.
O lixo, proveniente de diversas fontes, tem tudo para se acumular de novo, como no ano passado, nas orlas da cidade, especialmente nas áreas próximas aos principais cursos d’água.
Vale lembrar que em 2023, no Porto de Manaus, uma faixa de areia emergiu após a baixa das águas do Rio Negro e ficou repleta de garrafas plásticas, sacolas, pneus e outros detritos. Uma visão desoladora desafiando o poder público.
O problema se estendeu além do Centro Histórico da cidade no ano que passou. Na orla do bairro Educandos, também foi possível observar o lixo que emergiu junto com as águas recuadas do rio.
Nas áreas periféricas, como a Zona Oeste, a situação não foi diferente. A Marina do Davi, o pequeno porto que serve as comunidades ribeirinhas do Rio Negro, sofreu com o acúmulo de resíduos, conforme evidenciado por imagens compartilhadas pela cantora Márcia Novo nas redes sociais.
Eu tive o cuidado de arquivar tanto absurdo em meu computador, mas tudo lá no Google para quem quiser conferir e se envergonhar.
Paisagem desoladora
A Zona Leste, onde lagos secaram durante a estiagem de 2023, não escapou do problema. A exposição do leito seco revelou uma paisagem desoladora, com o lixo exposto para todos verem. A imagem do Lago Mauá, na Zona Leste, durante a seca, é um lembrete sombrio das consequências devastadoras da poluição.
A situação se replicou também no interior do Estado. No Porto de Manacapuru, por exemplo, o lixo se misturou à lama que surgiu com a baixa das águas, criando uma mistura tóxica perigosa para a vida selvagem e para as comunidades locais.
O acúmulo de lixo nas margens dos rios mostra uma crise ambiental criminosa que ameaça a biodiversidade da região e a saúde pública.
Os resíduos descartados de forma irresponsável são um risco para os ecossistemas aquáticos, poluindo as águas e prejudicando a vida marinha. Além disso, o lixo acumulado pode servir como criadouro de mosquitos transmissores de doenças, elevando o risco de epidemias.
Diante desse cenário preocupante, é mais que urgente a tomada de medidas para o enfrentamento do problema do lixo nas margens dos rios em todo o Amazonas.
É necessário um esforço conjunto das autoridades locais, da sociedade civil e também do setor privado para implementar políticas de gestão de resíduos eficazes, promover a educação ambiental e incentivar práticas de consumo consciente e descarte responsável.
A preservação dos rios e da rica biodiversidade amazônica é essencial para o futuro sustentável da região e do planeta como um todo. É importante agir logo antes que seja tarde demais e o legado que deixarmos para as próximas gerações seja apenas um rio de resíduos e destruição.
*Juscelino Taketomi – Jornalista e Escritor