Temer defende ‘crédito’ a Bolsonaro; FHC critica influência de familiares

Em entrevista a rádio, ex-presidentes comentaram crise no governo em torno da demissão do ministro Gustavo Bebianno

Os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) comentaram nesta segunda-feira, 18, a crise no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em torno da demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Temer afirmou que é preciso dar crédito a Bolsonaro, por ele ainda ter pouco tempo de governo. Já FHC citou genericamente a influência de pessoas de fora do governo sobre o presidente e defendeu que o pesselista deve afastar amigos e familiares.

Na entrevista à Rádio Bandnews FM, ambos falaram sobre crises e suas experiências na Presidência. “Se começarmos com mensagens pessimistas, estamos atrapalhando não é o governo, é o Brasil” afirmou Temer. O emedebista disse, ainda, que uma crise deve “sair pequena de um gabinete presidencial”, o que se faz por meio do diálogo. “Especialmente com aqueles que se opõem.”

FHC comentou que é “grave” quando a crise envolve diretamente o gabinete presidencial, e mais ainda quando a família do presidente está envolvida. “Amigos, família, tudo isso é problemático para quem está no governo”, disse o tucano. “Eu sempre procurei esvaziar crise. Eu dizia que a crise entrava grande no meu gabinete, e saía pequena”, declarou o ex-presidente, repetindo o que Michel Temer havia dito.

FHC pregou que o chefe de Estado fuja do “olho do furacão” em crises que envolvem o Executivo e evite manifestar preferências por alas diferentes do governo, quando há disputas envolvendo ministros. “Você torce no seu coração. Você tem de se conter”, indicou Fernando Henrique.

Michel Temer disse que as críticas foram importantes em seu mandato para fazê-lo reavaliar posições. “Algumas pessoas chegavam e diziam: você foi mal hoje. É útil porque você se recupera. Quando todo mundo diz que você foi bem, você não se recupera”, ponderou. “Se não tiver resiliência, como se diz muito hoje, não suporta o exercício da Presidência da República”, completou Temer.

Questionado sobre autocrítica, Temer respondeu que é um fenômeno democrático. “A meu modo de ver, quando você recua de uma posição, não significa falta de autoridade, significa autoridade democrática, você toma outro caminho sem prejudicar os interesses do país.”

Por Estadão Conteúdo