
RIO GRANDE DO SUL — Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, principal suspeita de envenenar três familiares com um bolo de arsênio em Torres (RS), foi encontrada morta na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba na manhã de 13 de fevereiro, vítima de asfixia mecânica autoinfligida, segundo o Samu. A detenta estava em cela individual e deixou um recado escrito, descrito como um “desabafo”, onde se declarava inocente e relatava sofrimento emocional. Transferida para Guaíba em 6 de fevereiro por questões de segurança após ameaças em outra unidade, ela estava sob monitoramento regular, mas não havia sinais de intervenção externa no ocorrido.
O Crime que Chocou o RS
Deise foi presa em 5 de janeiro após investigações apontarem que contaminou farinha com arsênio, usada em um bolo consumido por sete familiares na véspera do Natal de 2024. Três mulheres morreram, incluindo a filha e as irmãs da sogra, Zeli dos Anjos — principal alvo, que sobreviveu após comer duas fatias. A polícia também vinculou Deise à morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro de 2024, intoxicado por arsênio em bananas e leite em pó entregues por ela. Compras do veneno pela internet, registradas em seu celular, reforçaram as acusações.
Condições Prisionais e Falhas?
Na penitenciária, Deise recebeu três atendimentos psicológicos e estava isolada de outras detentas, com revistas diárias na cela. A Polícia Penal negou falhas de segurança, afirmando que seguiu protocolos padrão. Contudo, um dia antes de sua morte, o presídio foi alertado sobre riscos de suicídio após o ex-marido, Diego, formalizar o divórcio, o que teria agravado seu estado emocional.
Desdobramentos e Impacto
A Polícia Civil concluirá o inquérito nesta sexta-feira (14), indiciando Deise por triplo homicídio qualificado e tentativas, mesmo após sua morte. O relatório de 50 páginas detalha seu histórico de conflitos familiares, incluindo ciúmes patológicos da sogra e ressentimentos por dívidas e disputas triviais. O caso expõe falhas no sistema prisional e a complexidade de crimes domésticos, enquanto familiares das vítimas aguardam justiça — mesmo que simbólica.