“Setembro verde” chama a atenção para a importância da doação de órgãos e tecidos

Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo iluminado para o Setembro Verde (Foto: Divulgação/Susam)

A Central de Transplantes do Amazonas, vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), realiza este mês a campanha “Setembro Verde”, que visa conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. Na programação está a iluminação de prédios de instituições públicas e privadas, na cor verde, em referência ao movimento. O Hospital Platão Araújo, na zona Leste, foi um dos primeiros a aderir. O ponto alto da programação será a celebração com as famílias de doadores de órgãos e tecidos, que acontecerá no dia 27, data em que é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos.

De acordo com a coordenadora estadual de Transplantes, Leny Passos, o foco das atividades será incentivar o debate sobre a doação e o transplante de órgãos e tecidos e mostrar a importância do gesto altruísta. “A doação de órgãos salva vidas. Mas ainda existe um desconhecimento por parte da população sobre quem pode doar e o que pode ser doado, até mesmo porque muitas pessoas têm medo de falar sobre esse assunto. Isso dificulta a doação. É por isso que precisamos, sobretudo, durante o ‘Setembro Verde’, intensificar ainda mais os esclarecimentos e as discussões sobre do tema”, afirmou.

Leny diz que o índice de famílias que se recusam a autorizar a doação de órgãos e tecidos de parentes, com diagnóstico de morte encefálica, ainda é alto no Amazonas. “A doação só acontece se a família autorizar. Grande parte não aceita doar por desconhecer se o familiar era doador em vida. Isso mostra a importância de a pessoa expressar a sua família o desejo de se tornar doadora após a morte. Assim fica mais fácil de haver autorização quando a família for consultada. Lembrando que este é um gesto voluntário e altruísta do doador e que depende da nobreza da família dele para ser concretizado”, comentou.

Segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes, elaborado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgão (ABTO), de janeiro a junho deste ano, foram identificados 45 potenciais doadores de órgãos no Amazonas, mas apenas 5 foram doadores efetivos. Das 17 entrevistas feitas com as famílias para a viabilidade da doação, em 11 (65% do total) houve recusa. Do total restante, 18 casos foram afastados porque a morte encefálica não foi confirmada, 5 tiveram contraindicação médica, os demais, outros motivos.

Como forma de ampliar o conhecimento sobre a doação e o transplante, a Central de Transplantes do Amazonas, conforme Leny Passos, vai promover no próximo dia 25, o “Dia D” nas Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT’s) e Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) de cinco unidades hospitalares da rede estadual de saúde em Manaus. “Será um dia todo dedicado a atividades de sensibilização para a doação de órgãos e tecidos. Esperamos proporcionar maior reflexão sobre o assunto e estimular a população a ser doadora”, frisou.

O “Dia D”, que dará início as atividades da Semana de Incentivo a Doação de Órgãos e Tecidos 2018, será realizado nos Hospitais e Prontos-Socorros 28 de Agosto, João Lúcio e Plantão Araújo. A ação também acontecerá no Hospital Universitário Francisca Mendes (HUFM) e na Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ).

As atividades continuam no dia 27, com uma celebração com as famílias de doadores de órgãos e tecidos. O evento acontecerá às 18h, no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), localizado na avenida Joaquim Nabuco, Centro. Na ocasião, será celebrado um culto ecumênico em agradecimento ao gesto das famílias. “Queremos agradecer essas famílias que, mesmo diante da dor, permitiram que uma parte de seu familiar continuasse viva, salvando a vida de outra pessoa que precisava apenas de uma chance para continuar vivendo”, enfatizou Leny.

A coordenadora estadual explica que os órgãos e tecidos doados no Estado são enviados para a Central Nacional de Transplantes, que os distribui para os locais onde os procedimentos são feitos. Atualmente, diz Leny, no estado

vem sendo realizado apenas o transplante de córnea. No primeiro semestre deste ano, foram feitos 98 procedimentos. No Amazonas a fila de transplante de córnea é considerada zerada. Isso acontece quando há menos de 50 pacientes aguardando transplante.

A atual gestão reforça ela, está retomando o programa de transplantes de rins e fígado, que estava parado desde 2016. O Hospital e Pronto-Socorro da Zona Norte já está credenciado pelo Ministério da Saúde como a unidade para a realização dos procedimentos. A previsão é de que as cirurgias retornem junto com a implantação da nova etapa da unidade que está sendo preparada para entrar em funcionamento entre o fim de outubro e inicio de novembro.

Há previsão, também, para ser realizado o transplante de coração, a partir de 2019, no Hospital Universitário Francisca Mendes (HUFM).

No Amazonas, o programa de transplantes do Governo do Estado começou a funcionar em 2002, com a realização dos transplantes de rins (primeiro entre vivos e, em 2011, com o procedimento sendo realizado a partir de doador falecido). Em 2003, teve início o programa de transplantes de córnea e em 2014, o programa de transplante de fígado. Desde então, já foram realizados 385 transplantes de rim, 1.895 de córneas e 7 de fígado.

Iluminação especial – Para chamar a atenção para a importância da doação de órgãos e tecidos, alguns prédios públicos estão sendo iluminados de verde durante este mês, entre os quais o Hospital e Pronto-Socorro da Zona Leste Platão Araújo, o HPS João Lúcio e HPS 28 de Agosto.

Morte encefálica – De acordo com a lei nº 9.434/97, a retirada de tecidos (córnea, pele, ossos, cartilagem e medula óssea), órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e de transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).