MANAUS, AM — Não é circo. Não é passeio. É terapia — profunda, silenciosa, transformadora. No dia 30 de setembro, o Regimento de Polícia Montada Coronel Bentes, em Manaus, abre suas portas não para adestramento ou patrulha, mas para um encontro raro entre dez crianças com deficiência e cavalos treinados para curar.
A iniciativa, promovida pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEPcD), marca o encerramento simbólico do Setembro Verde — mês de luta pela inclusão — com um gesto concreto: oferecer, pela primeira vez de forma institucional, uma sessão pública de equoterapia voltada exclusivamente a crianças a partir dos quatro anos.
Mais do que montar um cavalo, elas vão experimentar o que a ciência chama de “estimulação multidimensional”: o calor do animal, o ritmo do seu passo, o balanço do seu corpo — tudo isso reorganiza conexões neurológicas, fortalece músculos, acalma ansiedades e, acima de tudo, devolve dignidade.
“É o cavalo que conduz a criança a se reconectar com o mundo — e consigo mesma”, explica um dos técnicos envolvidos, que prefere não ser identificado. “Muitas chegam caladas, fechadas. Saem sorrindo, pedindo para voltar.”
As inscrições, que abrem nesta segunda-feira (15) e vão até 19 de setembro, são rigorosamente controladas — apenas dez vagas. O formulário, disponível em https://forms.gle/ZgNzhvJbADBqrJ5k6, exige dados clínicos precisos: tipo de deficiência, documento oficial (CIPcD, CIPTEA ou laudo), e identificação do acompanhante. O resultado sai em 22 de setembro.
O local escolhido não é por acaso. O RPMon, da Polícia Militar, já possui infraestrutura equestre segura, profissionais treinados e animais com temperamento adequado — condições raras em Manaus para esse tipo de intervenção terapêutica.
Enquanto muitos falam em inclusão, a SEPcD entrega: um evento único, com potencial de virar política pública. Porque, aqui, a equoterapia não é luxo — é direito. E os cavalos, agentes de transformação silenciosa.
