Seca afeta transporte fluvial de cargas no AM

Foto: Divulgação/Sindarma

Com o período de estiagem e o baixo nível das águas do Rio Madeira, o transporte fluvial está sendo afetado. O Rio Madeira, em Porto Velho, registrou semana passada a menor cota água, com 2,20 metros. O impacto não só aumenta o tempo de viagem como reduz a capacidade de cargas das embarcações.

Com o baixo nível das águas, as empresas de navegação são obrigadas a reduzir a capacidade de cargas transportadas das embarcações para continuar navegando.
Além disso, as dificuldades de navegação quase que dobraram o tempo de viagem de Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

Manaus-PV

Tanto nos trechos Manaus Porto Velho que escoa a produção agrícola, insumos como combustíveis, gás e produtos da Zona Franca de Manaus, para suprir a região parte do Mato Grosso, Rondônia e Acre, como no sentido oposto.

“A carga transportada pelo Madeira ainda é uma carga significativa para atender Manaus. E isso claro que aumentando o tempo de viagem e reduzindo a capacidade das barcaças os custos das viagens aumenta muito e isso em determinado momento repassado aumenta o custo de determinada mercadoria”, ressalta Dodó Carvalho, conselheiro do Sindarma e diretor de hidrovias da Fenavega.

De acordo com o representante do setor, o tempo de viagem pelo Rio Madeira de Manaus a Porto Velho, cresceu em torno de 50%, a viagem passou de oito para 12 dias.

Navegação noturna

Por segurança, a navegação noturna em determinados trechos do rio foi suspensa pela capitania, principalmente de Manicoré a Porto Velho, por conta de alguns pontos que estão com o nível de água muito baixo.

Capacidade reduzida

Ele conta que para facilitar a navegabilidade é reduzido a capacidade de carga das balsas para poder trafegar mais aliviada com menos calado, e consequentemente mais segura.
“A redução depende do tipo de carga e do tipo de embarcação, vai de 10% a 30 % de redução. Uma balsa de três mil toneladas vai andar com dois mil e duzentas, para poder atingir o calado”.

Para Dodó Carvalho, a situação comprova que o procedimento de dragagem não tem atendido a navegação.

E considera um desperdício, como se estivesse jogando dinheiro fora. “Não atende a navegação, logo, ela não atinge o seu objetivo que é trazer para navegação um calado médio de pelo menos três metros e fazer uma navegação segura”.

Ele emenda que o setor vive esse período do Madeira com muita dificuldade, porque não tem uma dragagem que atenda a navegação e nem uma sinalização no rio que mostre um canal seguro para fazer uma viagem eficiente e com uma certa tranquilidade.

Conforme Carvalho, a redução do nível do rio impacta no número de mercadorias transportadas, um exemplo é o escoamento de grãos cai na ordem de 50% da sua capacidade em função do calado.

Já a carga de combustível sofre uma redução de 30% e isso encarece o frete porque aumenta o tempo de viagem em consequência de não conseguir navegar a noite.
Os prejuízos também refletem no valor dos fretes em torno de 15% ou nas despesas das empresas em razão da baixa produtividade.

Rotatividade menor

Como demora mais o tempo de viagem acaba que a rotatividade é menor e com capacidade de carga menor.

“Uma balsa de mil toneladas, vai navegar 750 a 800 toneladas e isso realmente repercute no custo da viagem então nós temos um adicional de custo na ordem de 15% até 20% dependendo do comboio. A estiagem também tem ocasionado redução na produção agrícola e pecuária no Amazonas”, quem afirma é o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço.

“Com isso a diminuição de oferta de produtos e encarecimento. Um exemplo é o leite e o queijo. No verão a oferta de pastagens reduz e com isso há queda da produção de leite e queijo”.

Apesar de não precisar o percentual de quedas com o impacto, Muni, explica que varia de atividade para atividade rural, mas o alívio é que as chuvas já acontecendo em outubro, o que já está atenuando a queda.

DNIT

Em 2017, o DNIT iniciou os serviços de dragagem nos passos críticos para eliminar os gargalos criados pelo acúmulo de sedimentos no canal de navegação do rio Madeira, nos Estados do Amazonas e Rondônia. O contrato firmado pelo DNIT prevê a dragagem de mais de um milhão de metros cúbicos de sedimentos anualmente. A intenção é manter profundidades mínimas de 3,5 metros no canal de navegação ao longo de toda a estação seca.

Desde o ano de 2017, o DNIT já investiu mais de R$ 30 milhões para assegurar a dragagem do rio. Neste ano, a previsão é que os serviços sejam efetuados até o fim do mês de outubro de 2019, quando se inicia o período de cheia. A dragagem deverá ser retomada normalmente no início da vazante do rio Madeira de 2020, após o término dessa temporada.

Ao todo, são mais de R$ 130 milhões de investimentos do Governo Federal em dragagens, sinalização e gestão ambiental em hidrovias no Estado do Amazonas.
O órgão informou que a dragagem já começou dia 19 de junho, e iniciou pelo Cujubim, primeiro ponto próximo a Porto Velho. O planejamento é dragar cinco passos e a previsão é que drague até início de novembro.

Por JORNAL DO COMMERCIO