O PSDB de São Paulo realiza neste domingo (18) eleições internas prévias para definir quem será o candidato do partido ao governo do estado. As atenções estão voltadas à disputa porque ela pode definir o futuro político do empresário e atual prefeito de São Paulo, João Doria.
No final do ano passado, as pretensões do prefeito incomodaram o governador e agora presidente do PSDB, Geraldo Alckmin. Doria passou a deixar a prefeitura e viajar por várias capitais do Brasil, o que levantou rumores sobre uma possível articulação para se lançar como candidato à presidência da República.
O desconforto de Alckmin, que afinal é o padrinho político do empresário, moderou as ambições de Doria, que acabou por “ser inscrito” nas prévias para a candidatura ao governo do estado. Aliados e correligionários do prefeito levantaram mais assinaturas do que o mínimo necessário para inscrevê-lo como pré-candidato com o intuito de favorecer a narrativa de que foi o clamor popular que fez Doria decidir abandonar a prefeitura.
A decisão, no entanto, causou algum desgaste entre os eleitores. O próprio Doria já admitiu que pode ter perdido alguma parcela do apoio que receberia na capital por se ausentar da prefeitura antes do fim do mandato. Nas redes sociais, circula, em tom de crítica, um documento assinado por Doria para o portal Catraca Livre no qual ele se compromete a permanecer no cargo até 2020.
Dentro do partido, no entanto, Doria conseguiu uma vitória de cara: a escolha da data de realização das prévias beneficiou a pré-candidatura do prefeito. Isso porque os membros do Executivo que quiserem se candidatar a outro cargo nas eleições precisam se licenciar dos cargos atuais até o dia 7 de abril, segundo a legislação eleitoral.
As prévias do PSDB, a princípio, poderiam ser marcadas só para março. Se fosse o caso, Doria poderia deixar a prefeitura sem sequer uma garantia de que seria o candidato do PSDB ao governo do estado. No fim do mês passado, no entanto, por 16 votos a 8, o PSDB decidiu marcar as prévias para março, o que beneficiou o prefeito.
Taxa e adversários
Depois de definir a data da votação, o diretório estadual divulgou as instruções, informando que seria cobrada uma taxa de 45 mil reais de cada candidato para cobrir os custos de realização das prévias.
A cobrança gerou uma saia-justa: só Doria e o cientista político Felipe D’Ávila pagaram a quantia estipulada. Os outros três pré-candidatos inscritos são o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal; o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, e o deputado federal Floriano Pesaro.
Segundo a coluna Radar, de VEJA, a executiva estadual do partido avisou os diretórios que só os nomes de Doria e d’Ávila estariam garantidos nas cédulas.
Há dois problemas cercando a taxa de inscrição: o primeiro é que o texto da resolução apenas diz que “fica instituída a cobrança”, sem estipular uma punição ao candidato que não pagasse. O segundo é que o próprio secretário-geral do partido no estado, Cesar Gontijo, afirmou em entrevista à rádio CBN que o pagamento era facultativo.
No fim das contas, durante uma reunião na noite de sexta-feira, a executiva estadual do partido determinou que todos os candidatos participariam da eleição interna, e que a compensação apresentada pelos que não pagaram a taxa seria definida posteriormente.
(Com informações da Exame)