Proibição de desembarque de comitiva sul-africana gera crise diplomática com a Polônia

O Airbus A340 da South African Airways pousou em Varsóvia um pouco antes da 1 da tarde e, até a meia-noite, o desembarque não tinha sido iniciado. Foram mais de 11 horas de espera dentro da aeronave, fretada pelo governo da África do Sul.

Seguranças da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF), assessores e jornalistas sul-africanos que cobririam a viagem do líder sul-africano Ciryl Ramaphosa e dos presidentes da Zâmbia, Senegal e Comores em uma missão de paz na Ucrânia foram proibidos pelo governo da Polônia de desembarcar em Varsóvia.

O episódio gerou uma crise diplomática entre os governos sul-africano e polonês. O chefe de segurança do presidente Ramaphosa, general Wally Rhoode, acusou os poloneses de racismo e de tentativa de sabotagem à segurança do presidente Ramaphosa, que seguiu de trem para Kiev.

Segundo uma fonte do governo polonês, o motivo da proibição seria a falta de autorização para o uso de armas de grosso calibre dos agentes sul-africanos.

As licenças de sobrevoo para alguns países também foram um problema, já que o Airbus A340 teve que realizar uma série de desvios e orbitar em algum ponto do continente europeu por uma hora antes de entrar no espaço aéreo italiano.

“Autoridades com passaporte diplomático foram revistadas. Isso nunca ocorreu antes. Agora, eles [os poloneses] alegam que não temos licenças [para as armas], mas nós as temos”, disse Rhoode.

O problema, segundo o chefe da segurança sul-africana, seria o uso de cópias — no lugar dos originais — dos documentos com a licença para o uso do armamento em território polonês.

“Eles alegam que não podemos trazer uma cópia das autorizações e querem os originais. A embaixada [sul-africana] aqui afirmou que não seria necessário ter os originais”, acrescenta Rhoode.

O general afirmou que o objetivo dos poloneses era impedir que o presidente sul-africano entrasse na Ucrânia com sua segurança. A Polônia apoia a Ucrânia na guerra com a Rússia.

Mais de cem agentes sul-africanos realizariam a segurança dos líderes africanos na visita à capital da Ucrânia. Com a retenção da comitiva, os presidentes seguiram de trem para Kiev com um número consideravelmente reduzido de agentes.

“Eles [os poloneses] estão nos atrasando. Estão pondo a vida de nosso presidente em risco. Poderíamos estar em Kiev agora. São racistas”, acusou o general sul-africano.

Assista abaixo a reportagem em inglês da emissora estatal sul-africana SABC sobre a crise diplomática iniciada em Varsóvia.