Professor reutiliza agulha em aula e gera alerta sanitário em escola do ES

O contrato com o professor foi encerrado e o caso encaminhado para a corregedoria da pasta.

LARANJA DA TERRA, ES — Um caso de negligência durante uma aula prática de ciências em Laranja da Terra, na Região Serrana do Espírito Santo, colocou em xeque protocolos de segurança em instituições de ensino. Um professor de química reutilizou a mesma agulha em 44 alunos durante testes de tipagem sanguínea, atividade realizada sem autorização da coordenação pedagógica. O episódio, ocorrido na última sexta-feira, mobilizou secretarias de Saúde e Educação e acendeu debates sobre a vulnerabilidade de práticas experimentais em escolas.

Apesar do susto, todos os estudantes, com idades entre 16 e 17 anos, testaram negativo para infecções em exames rápidos realizados no mesmo dia. Nesta terça-feira (18), novos testes foram feitos para avaliar a imunidade contra hepatites B e C. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) confirmou que os alunos seguem sem sintomas e frequentando as aulas, mas serão monitorados por 30 dias, quando passarão por novas baterias de exames.

A Secretaria da Educação (Sedu) anunciou o desligamento do professor, que ministrava a disciplina de Práticas Experimentais em Ciências, e encaminhou o caso à corregedoria. Em nota, a pasta reconheceu a falta de autorização para a atividade e destacou que “medidas administrativas foram tomadas para evitar reincidências”.

A comunidade escolar, porém, questiona como uma prática tão arriscada foi permitida. Pais relataram indignação durante reunião com representantes da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e da Sedu. “Não bastam testes; é preciso garantir que isso nunca mais aconteça”, disse uma mãe, que preferiu não se identificar.

A Polícia Civil investiga o caso, mas mantém sigilo sobre os detalhes. Especialistas em saúde pública alertam para os riscos de exposição a doenças transmissíveis por instrumentos contaminados, mesmo em ambientes controlados. “A reutilização de agulhas é inaceitável, independentemente do contexto”, afirmou um infectologista capixaba.

O episódio expõe falhas na fiscalização de atividades práticas e na formação de educadores para lidar com procedimentos que envolvem riscos biológicos. Enquanto as autoridades prometem rever protocolos, alunos e famílias seguem em alerta, cobrando transparência e responsabilização.