
SÃO PAULO — Uma investigação que já dura meses levou, na manhã desta terça-feira (12), à prisão do empresário Sidney Oliveira, fundador da rede de farmácias Ultrafarma. A ação faz parte da Operação Ícaro, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) para desmantelar um suposto esquema de corrupção instalado no alto escalão da fiscalização tributária estadual. Segundo os promotores, auditores fiscais manipulavam processos para favorecer grandes empresas do varejo em troca de pagamentos ilícitos milionários.
Como funcionava o esquema, segundo as investigações
O inquérito, conduzido pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (GEDEC), aponta que decisões fiscais eram ajustadas para reduzir dívidas tributárias de empresas, permitindo quitações vantajosas. Em troca, os fiscais recebiam propina, parte dela repassada por meio de empresas de fachada. Um dos principais alvos é Arthur Gomes da Silva Neto, supervisor da Diretoria de Fiscalização (DIFIS) da Secretaria da Fazenda e Planejamento (Sefaz-SP), apontado como operador central da fraude. Estima-se que ele tenha recebido mais de R$ 1 bilhão em vantagens indevidas.
Quem mais foi preso
Além de Sidney Oliveira, foi detido Mario Otávio Gomes, diretor estatutário do grupo Fast Shop, que atua no comércio de eletrodomésticos e eletrônicos. Ambos são acusados de se beneficiar das manobras fiscais irregulares. Também foram cumpridos mandados de prisão contra outros envolvidos no esquema.
A operação em números
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19 mandados de busca e apreensão
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Mais de R$ 1 milhão apreendidos
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Dois sacos de esmeraldas
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Criptomoedas e documentos confiscados
Posicionamentos e próximos passos
O MPSP informou que os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Já a Sefaz anunciou a abertura de procedimento interno para apurar o caso e pediu acesso aos dados da investigação. A pasta reforçou seu compromisso com a ética e prometeu revisar protocolos e processos internos.
Possível alcance maior
De acordo com o promotor Roberto Bodini, há indícios de que outras empresas do varejo também tenham participado. O esquema teria começado pelo menos em maio de 2021, mas não se descarta que seja ainda mais antigo. As apurações continuam.


