Visando ampliar a conscientização e combater o estigma relacionado à demência, a Prefeitura de Manaus promoveu, nesta quinta-feira, 21/9, ações educativas e de orientação sobre a doença de Alzheimer, voltadas aos usuários das unidades da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) em toda a capital. A data marca o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e o Dia Nacional de Conscientização acerca da patologia.
Dentro da programação, que ocorre ao longo do dia, no horário de funcionamento das unidades, as equipes de saúde estão realizando palestras e orientando os usuários nas salas de espera, com enfoque no Alzheimer e nos fatores de risco que predispõem para a doença, bem como nas estratégias de prevenção e na assistência voltada a pessoas com a condição.
A chefe do Núcleo de Atenção à Saúde do Idoso, Maria Eliny Rocha, explicou que a demência é uma doença relacionada ao envelhecimento, caracterizada pela redução, lenta e progressiva, da função cognitiva, afetando habilidades como memória, raciocínio e até a função motora. A doença de Alzheimer é uma de suas causas mais comuns.
“Há vários tipos, como as demências parkinsonianas e a vascular, e a demência por doença de Alzheimer é a mais comum. O diagnóstico é feito por três profissionais: o neurologista, o psiquiatra e o geriatra, com base nos sintomas que o paciente exibe e em exames de imagem para avaliar se há perda cerebral”, afirma.
Conforme Eliny, 363 pessoas convivem com a doença de Alzheimer em Manaus, segundo mapeamento realizado pelos distritos de saúde da Semsa. Nas ações nas unidades, aponta a gestora, os profissionais da Semsa vão informar os comunitários sobre os fatores de risco para a condição, que incluem obesidade, hipertensão, tabagismo, isolamento social e depressão, e também enfatizar estratégias de prevenção.
“Fazer atividade física, ter uma alimentação saudável, estar sempre inserido na comunidade, tudo isso faz com que a função cognitiva seja exercitada e contribui para a prevenção da doença”, aponta Eliny, que é também integrante da Associação Brasileira de Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz).
Alerta e atenção
A chefe do Núcleo de Atenção à Saúde do Idoso acrescenta que há alguns sinais de alerta para a doença de Alzheimer, como alterações de comportamento, dificuldade em exercer tarefas da vida diária e desorientação. Ela cita, ainda, a perda de memória, mas enfatiza que ela se diferencia do esquecimento eventual do dia a dia.
“É o caso de alguém que cozinhou a vida toda e um dia não sabe mais preparar um bolo, ou que um dia volta da caminhada e não lembra mais em qual casa mora. Episódios desse tipo, que envolvem a atenção e a memória, podem indicar uma alteração cognitiva séria”, assinala.
Eliny orienta idosos e familiares a buscar um profissional médico na rede de Atenção Básica, para avaliação da capacidade cognitiva e de outras condições de saúde, e, eventualmente, encaminhamento para o neurologista. A doença pode variar entre fases de leve a grave, e o tratamento inclui terapia medicamentosa e atividades de estímulo cognitivo, como musicoterapia e exercícios físicos.
Tão importante quanto o tratamento, acrescenta Eliny, é afastar o estigma da doença e ofertar uma assistência humanizada aos idosos com demência.
“A família tende a proteger afastando o idoso do convívio social, mas esse isolamento pode ser um problema, pois contribui para agravar a condição. Mesmo com a perda de funcionalidade, é importante que ela não deixe de ter o respeito e o reconhecimento como pessoa”, conclui.
A Unidade de Saúde da Família (USF) Vicente Pallotti, localizada no bairro Praça 14, na zona Sul, foi um dos estabelecimentos de saúde da Semsa que participou da programação, para alertar sobre a doença. As equipes de saúde promoveram uma roda de conversa para abordar o tema.
“Nós queremos chamar a atenção sobre essa doença, que é evolutiva e gera um grande impacto na dinâmica das famílias. Nosso objetivo é sensibilizar os familiares sobre a vulnerabilidade dos idosos a essa doença”, acentua a diretora da unidade, Nonata Brazão.
A aposentada Águida Bezerra, 73 anos, desconhecia a doença e a atividade, para ela, foi a oportunidade de esclarecer dúvidas e conhecer as medidas que retardam a sua evolução. “Eu gostei das orientações sobre a alimentação e atividades físicas. Como eu sempre estou buscando formas de me cuidar, foi bom ver que estou no caminho certo”, destaca.