Por que é indicado fazer xixi depois do sexo? Especialistas explicam

Prática ajuda a reduzir chances de desenvolver uma infecção urinária, por exemplo.

Você já ouviu por aí que é importante a mulher fazer xixi logo após o sexo? Que essa prática traz benefícios e pode ajudar a prevenir a dolorida infecção urinária?

Para saber o que é verdade e o que é mito quando sobre a prática, Donna consultou dois especialistas: o médico ginecologista e obstetra Lucas Schreiner, que é professor da PUCRS e atua na área da uroginecologia, e a médica urologista Karin Jaeger Anzolch, presidente da seccional do Rio Grande do Sul da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-RS). A seguir, tire suas principais dúvidas sobre o tema:

É importante a mulher fazer xixi depois de transar?

Sim! É uma dica essencial para todas as mulheres porque urinar após a relação sexual diminui o risco de infecção urinária. A ideia é a mulher fazer xixi assim que o ato sexual acabar – em vez de dormir direto, por exemplo, a sugestão é dar aquela passadinha no banheiro de olho na saúde.

As infecções urinárias são causadas por bactérias que fazem parte do corpo da mulher (como na região do períneo) e, na relação sexual, podem acabar subindo pela uretra e se instalando na bexiga ou até nos rins, explica o médico Lucas Schreiner:

— A relação sexual é um fator de risco para essas bactérias serem mobilizadas para o canal da urina e, consequentemente, levar às infecções urinárias. Urinar depois da relação sexual pode auxiliar a lavar o canal, reduzindo as chances dessas bactérias subirem — diz o ginecologista, que integra a diretoria da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs).

A urologista Karin Jaeger Anzolch, que é doutora pela UFRGS, alerta ainda que a infecção bacteriana mais comum na mulher é justamente a urinária. Apesar de não ser uma doença sexualmente transmissível, o episódio infeccioso pode, sim, estar relacionado à atividade sexual, reforça a médica:

— Aí vem a clássica “cistite da lua de mel”. Entre os motivos para isso, estão os microtraumatismos na região provocados pelo atrito do sexo, e a subida de germes, que normalmente existem na parte externa, para o interior da bexiga e uretra.

Urinar depois da relação sexual “mata bactérias” na região?

Não. Os dois médicos ouvidos pela reportagem acreditam que a melhor definição é que a urina ajuda a “expelir as bactérias” antes que elas se multipliquem e possam agredir o aparelho urinário. Então, na prática, funcionaria como uma “limpeza” do canal.

— Algumas mulheres dizem que têm dificuldade para fazer xixi logo em seguida da relação, então, uma alternativa é tomar um banho para ajudar a relaxar e tentar facilitar a saída da urina, além de já remover resquícios de secreções e contaminações, como as que vêm da região próxima do ânus — pontua a urologista.

A mulher está mais suscetível a problemas no trato urinário após transar?

Sim, e o motivo principal é a questão anatômica. A mulher apresenta a uretra mais curta do que o homem, o que leva a um maior risco de contaminação e, consequentemente, de possibilidade de infecção. Se o sexo for frequente, como ocorre na lua de mel, por exemplo, a chance da cistite (que é quando a infecção urinária acomete a bexiga, a forma mais comum) aparecer aumenta.

A urologista Karin chama atenção também para a proximidade entre a ponta da uretra, o canal vaginal e o ânus, o que facilita a troca de fluídos durante o ato sexual e pode acarretar problemas. Doenças sexualmente transmissíveis, alterações hormonais e as infecções por fungos na região (como a candidíase) também podem se tornar fatores de risco para a infecção urinária.

Já o ginecologista Schreiner joga luz sobre o caso de mulheres na pós-menopausa, quando há menos estrogênio na região vaginal. Essa condição também pode aumentar a chance de infecção urinária, assim como a popular “bexiga caída” – quando há um deslocamento da bexiga –, a incontinência urinária ou a mulher que não consegue esvaziar a bexiga por completo. Nesses casos, é preciso buscar ajuda médica e tratamento adequado para tratar esses problemas específicos para além da cistite.

Há como prevenir a infecção?

É possível adotar práticas e mudar hábitos para ajudar a diminuir as chances de ter infecção urinária. A médica Karin lista algumas dicas importantes, como ingerir bastante água, não segurar o xixi por muito tempo, manter uma boa higiene íntima, tratar a constipação e evitar as contaminações com a região do ânus. Evite também ficar com biquíni molhado por longos períodos no mar ou piscina, e prefira usar as roupas de baixo mais ventiladas no verão.

— Somente com medidas simples como essas já se pode verificar uma redução na ocorrência das infecções urinárias — afirma a urologista.

Fazer xixi depois do sexo ajuda a prevenir gravidez ou doenças sexualmente transmissíveis?

Não! Isso é mito. O ginecologista Schreiner explica: o canal da urina é separado do canal da vagina, então, não há relação alguma com a prevenção da gravidez ou de doenças sexualmente transmissíveis.

— O único potencial benefício do urinar após a relação é a redução da chance de infecções urinárias. É preciso usar preservativos femininos ou masculinos para evitar as infecções sexualmente transmissíveis — reforça o médico.

FONTE: Donna