População geral não precisa da 4ª dose da vacina contra Covid, diz OMS

Crédito: Camila Batista/Semsa

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta quinta-feira que não há necessidade de aplicar a quarta dose — o segundo reforço — na população geral livre de fatores de risco. Segundo os especialistas do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização (SAGE, na sigla em inglês), a indicação do reforço fica restrita aos grupos que contém um alto risco de desenvolver a forma grave da doença.

São eles: idosos, pessoas com comorbidades, imunossuprimidos, gestantes e profissionais de saúde.

Segundo os especialistas em imunização, pessoas mais jovens e saudáveis conseguem proteção duradoura contra a Covid após o primeiro reforço, não necessitando de uma segunda dose.

O conselheiro sênior de saúde da OMS e secretário da SAGE, Joachim Hombach, aponta que há outros dois motivos para a queda da necessidade do imunizante: o primeiro deles é que há um risco “muito baixo” da população geral desenvolver quadro grave da doença após o primeiro reforço.

E o segundo, de acordo com Hombach, é que uma grande parte das pessoas, com a alta circulação do vírus, desenvolveu imunidade híbrida, ou seja, a combinação entre a proteção conferida pelas vacinas e a proteção proveniente das infecções do coronavírus, o que teoricamente dobraria as defesas.

Segundos estudos do grupo, a eficácia das vacinas diminui ao longo de um período de 4 a 6 meses, sendo necessário a dose de reforço, principalmente para os grupos de alto risco. Esse imunizante deve ser tomado dentro deste tempo, ou se for ultrapassado, o mais breve possível.

A OMS afirma que, caso tenha uma vacina especifica para uma variante, como os novos imunizantes que estão sendo produzidos contra a Ômicron, haverá uma nova atualização. “Uma vez autorizadas para uso, vacinas específicas para variantes podem ser consideradas. No entanto, os indivíduos de alto risco não devem atrasar o recebimento de uma dose de reforço em antecipação a estas”, diz o documento.

Apesar das revisões constantes dos estudos sobre as vacinas e suas eficácias, é unanimidade entre os especialistas a importância que todos recebam a imunização primária, ou seja, as duas primeiras doses da vacina. “Essa continua sendo a nossa prioridade”, afirma Alejandro Cravioto, presidente do SAGE em coletiva de imprensa.

A OMS indicou ainda que na semana passada o mundo registrou cerca de 5,4 milhões de novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2, que provoca a Covid-19, uma redução de 24% face à semana anterior, com destaque para África e Europa, onde a redução foi de quase 40%. O número de mortes em todo o mundo também caiu em uma média de 6%, apesar de a Ásia registrar um aumento nos óbitos.

Um estudo conduzido pela Fiocruz concluiu que municípios com baixo ou médio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tiveram uma menor cobertura vacinal em relação àqueles com alto IDH. O período analisado foi entre 17 de janeiro (início da campanha de vacinação contra a Covid-19) e 31 de agosto (antes da administração da dose de reforço) de 2021.

Durante este intervalo, 200.740.725 doses de vacina contra a Covid-19 foram administradas no país: 63,8% dos adultos haviam tomado a primeira dose e 31% estavam com as duas, sendo que mais de 90% daqueles com 60 anos ou mais tinham o esquema vacinal completo. Segundo o estudo, a cobertura da primeira dose foi diferente entre os municípios com IDH alto, médio e baixo, com 72, 68 e 63 doses por 100 habitantes, respectivamente.

A análise aponta ainda que quanto mais rápido os municípios imunizaram suas populações, mais cedo controlaram a pandemia, com progressão mais lenta nas taxas de óbitos por doses de imunizantes aplicadas.

Até a noite da quarta-feira, o país registrou mais de 180 milhões de pessoas que receberam a primeira dose de um imunizante, o equivalente a 83,99% da população brasileira. A segunda dose da vacina, por sua vez, foi aplicada em 169 milhões, ou 79% da população nacional. 100 milhões receberam a terceira dose e cerca de 26 milhões a quarta dose de reforço.

Por O Globo