Polícia investigará casos de furtos de donativos a vítimas de incêndio no Educandos

Voluntários testemunharam pessoas não afetadas pela tragédia furtar donativos. © Rickardo Marques/G1

Em meio às 2.195 pessoas afetadas pelo incêndio que destruiu centenas de casas no bairro Educandos, na Zona Sul de Manaus, há um grupo que diz ser formado por vítimas do acontecimento e têm roubado donativos. Voluntários relataram que moradores não afetados pela tragédia se infiltram entre as vítimas e furtam roupas e comida. A Polícia Civil abrirá inquérito para investigar o caso.

O incêndio teve início às 20h de segunda-feira (17). A prefeitura de Manaus decretou situação de emergência por conta do ocorrido. ONGs e outros grupos seguem coletando doações na capital.

Voluntários relataram casos de furto das doações. A engenheira química Mariah Dias de Oliveira disse que na noite desta quarta-feira (19) ela e uma amiga foram até a Igreja Nossa Senhora Perpétuo Socorro, no Educandos, para atuarem como voluntárias. No local, elas testemunharam pessoas que não eram vítimas do incêndio recebendo doações.

“Havia um montante de roupas espalhadas na praça e qualquer pessoa podia pegar sem controle algum. Várias pessoas chegavam ao local sem saber se era vítima ou não. Também havia um contêiner de comida e a pessoa chegava lá e pegava. Presenciamos um homem que pegou um pacote de fralda e em seguida entrou em um carro”, explicou.

O delegado-geral da Polícia Civil, Frederico Mendes, relatou ao G1 que o furto das doações praticado por quem não foi prejudicado é considerado crime. Além do inquérito para investigar a causa do incêndio, a Polícia Civil deve realizar um desdobramento por conta das pessoas que tiraram proveito da situação para obter benefícios.

“Há informação de que algumas pessoas que não residiam na área afetada estão buscando órgãos estaduais e municipais no sentido de se promoverem para adquirir recursos sem precisar. Quero dizer a essas pessoas que elas estão cometendo crimes graves e vamos investigar”, afirmou o delegado.

Ainda de acordo com o delegado, a ação realizada por esses suspeitos trata-se de furto, estelionato e falsidade ideológica, que garante a prisão de cinco a oito anos.

“A sociedade não deve permitir que pessoas que não residiam naquela comunidade se aproveitem. Pois todos que viviam naquele lugar sabem muito bem quem são seus vizinhos, e as pessoas que transitavam na localidade”, completou.

Em nota, a Prefeitura de Manaus afirmou que muitas famílias têm buscado o cadastro. Após o registro, acontece uma triagem com cruzamento de dados entre as secretarias envolvidas no atendimento ao público para identificar as vítimas do incêndio. Só após esta confirmação, as pessoas recebem os kits.

Por G1