A Polícia Civil de Minas Gerais solicitou a prisão preventiva de um tatuador suspeito de ter abusado sexualmente de ao menos 15 mulheres no estúdio em que trabalhava, em Belo Horizonte. Leandro Caldeira Alves Pereira, 45, está foragido.
O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher da capital mineira e pelo Ministério Público. Ele é acusado de violação sexual mediante fraude, quando o agressor engana a vítima para cometer o abuso. A pena é de 2 a 6 anos de reclusão.
Uma publicação em uma rede social da professora e ativista mineira Duda Salabert serviu de combustível para que as denúncias viessem à tona. Ela sugeriu que as seguidoras dessem prioridade a tatuadoras mulheres, afirmando que é um mercado machista, e perguntou se haviam sofrido assédio em estúdios.
Em menos de um dia, recebeu mais de 50 relatos contra Leandro, segundo ela, alguns de meninas menores de idade (denúncias envolvendo outros homens também foram recebidas).
Uma das vítimas afirmou que o tatuador derrubou tinta em seus seios e usou o “acidente” como pretexto para tocá-la. Outra, que ele tocou em sua genitália. O tatuador às vezes colocava a cliente em posições desnecessárias para facilitar o abuso, sob a justificativa de que facilitaria a realização do desenho. A polícia afirmou que os relatos das mulheres foram todos semelhantes.
A partir disso, Salabert criou um grupo de WhatsApp com as vítimas e perguntou se gostariam de entrar com uma ação coletiva contra o tatuador. 15 delas aceitaram, conta. Foram até a Polícia Civil e o Ministério Público.
A ativista comemora o pedido de prisão, que ajuda a “tornar pública a estrutura machista e violenta que há em muitos espaços de tatuagem”. “E muitas mulheres vão começar a refletir sobre os assédios que sofreram e tomarão coragem para denunciá-los”.
Ela diz que está com medo de sofrer represálias após a ação, já que é transexual e se considera um “alvo ambulante”.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa do acusado.
Por FOLHAPRESS