PM deve indiciar policiais por estupro de indígena no Amazonas

O documento sustenta que os traumas e violações sofridos pela detenta superam em muito qualquer justificativa punitiva.

MANAUS — A Polícia Militar do Amazonas está prestes a indiciar quatro policiais acusados de estuprar, por nove meses, uma mulher indígena da etnia Kokama, de 29 anos, enquanto ela estava detida na delegacia de Santo Antônio do Içá, município no interior do estado.

Segundo a Agência Brasil, a corporação afirmou que o Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado para apurar o caso está em fase de conclusão e que há indícios consistentes que confirmam os relatos da vítima. Além do indiciamento, os policiais também são alvos de um processo administrativo disciplinar, que pode levar à expulsão dos envolvidos.

A indígena foi presa em novembro de 2022, após condenação por um homicídio ocorrido em 2018, em Manaus. No momento da prisão, ela ainda se recuperava do parto de um bebê com apenas 21 dias de vida.

Durante a detenção em Santo Antônio do Içá, ela foi colocada em uma cela com homens e, conforme a denúncia, foi estuprada repetidamente pelos quatro policiais e por um guarda municipal até agosto de 2023, quando foi transferida para um presídio na capital.

A vítima relatou que os abusos aconteciam diariamente, inclusive na presença de seu filho recém-nascido. Ela também denunciou agressões físicas e ofensas verbais constantes durante o período em que ficou sob custódia.