Pelo menos 40 migrantes morrem em naufrágio na costa da Itália

Barco superlotado afundou ao bater em rochas. Passageiros incluíam pessoas do Paquistão, Afeganistão e Irã

Pelo menos 40 migrantes, incluindo um bebê recém-nascido, morreram após o naufrágio de seu barco na madrugada deste sábado (25) para domingo (26) não muito longe da cidade italiana de Crotone, na Calábria (Sul), de acordo com fontes locais.

“Dezenas e dezenas de mortos afogados, incluindo crianças, muitas ainda desaparecidas. A Calábria está de luto por esta terrível tragédia”, declarou o presidente regional Roberto Occhiuto em um comunicado.

Os bombeiros italianos confirmaram no Twitter que recuperaram 28 corpos, enquanto outros três foram arrastados pelas correntes marítimas do barco que continha “mais de 200 pessoas”.

A agência italiana AGI afirma, citando um funcionário da Cruz Vermelha italiana “presente no local do naufrágio”, que “os corpos recuperados até agora chegam a 40”. Além disso, cerca de 50 pessoas foram resgatadas, de acordo com os bombeiros.

A agência de notícias informa ainda que o barco dos migrantes, que estava sobrecarregado, se partiu em dois devido ao mar agitado.

Lei controversa

O novo naufrágio ocorre apenas alguns dias depois que o Parlamento italiano aprovou novas regras controversas do governo dominado pela extrema direita sobre o resgate de migrantes.

A chefe de governo Giorgia Meloni, líder do partido de extrema direita Fratelli d’Italia (FDI), assumiu como chefe de um executivo de coalizão em outubro, depois de prometer reduzir o número de imigrantes que chegam à Itália.

A nova lei exige que os navios humanitários realizem apenas um resgate por vez, o que, para os críticos ao texto, aumenta o risco de morte no Mediterrâneo central, cuja travessia é considerada a mais perigosa do mundo para os migrantes.

Para o ministro italiano do Interior, Matteo Piantedosi, esta “tragédia (…) demonstra como é absolutamente necessário lutar firmemente contra as redes de imigração ilegal”.

Quase 14 mil migrantes em 2023

A localização da Itália a torna um dos principais destinos para os requerentes de asilo que cruzam do norte da África para a Europa, e Roma há muito reclama do número de chegadas ao seu território.

Dados do Ministério do Interior apontam que quase 14 mil migrantes desembarcaram na Itália desde o início do ano, em comparação com cerca de 5,2 mil no mesmo período do ano passado e 4,2 mil em 2021.

As ONGs, no entanto, transportam apenas uma pequena porcentagem dos migrantes que desejam chegar à Europa, sendo a maioria resgatada pela guarda costeira ou navios da marinha.

Mas o governo acusa as ONGs de estimularem a chegada de migrantes por meio de suas ações e incentivar os traficantes.

“As pessoas no mar devem ser salvas custe o que custar, sem penalizar quem as ajuda”, reagiu Carlo Calenda, ex-ministro e líder do partido centrista Azione, no Twitter este domingo.