MANAUS, AM — Há um mês, ela flutuava sem rumo nas águas escuras do Rio Negro, debilitada, sangrando e quase sem esperança. Alvejada por mais de 30 tiros, a onça-pintada macho foi encontrada perto da Ponta Negra, em Manaus — um símbolo vivo da violência contra a vida selvagem na Amazônia. Hoje, sua história ganha um novo capítulo: em breve, ela voltará à floresta.
Após semanas de cuidados intensivos sob a supervisão da Secretaria de Estado de Proteção Animal do Amazonas, o felino demonstrou uma recuperação surpreendente. Veterinários confirmam: ele já recuperou parte da visão, reconquistou força muscular e voltou a exibir reflexos de caça — sinais claros de que está pronto para retomar seu lugar na cadeia ecológica.
A soltura será feita com planejamento rigoroso. De acordo com o capitão Dilson Castro, da Companhia de Operações Fluviais da PM, o animal será levado a uma área de mata intacta, longe de assentamentos humanos, e todo o processo será filmado e monitorado pelas equipes que o resgataram.
Mais do que um resgate, o caso virou símbolo de resistência. Ambientalistas celebram a recuperação como uma vitória rara contra a caça ilegal — prática ainda comum na região. A volta dessa onça à natureza não é só um ato de conservação: é um recado claro de que a floresta ainda pode curar, desde que tenhamos coragem de protegê-la.
