O Último Azul: filme rodado no Amazonas ganha o Urso de Prata, na Alemanha

O prêmio é o segundo mais importante do festival, concedido pelo grande júri.

No cenário exuberante e ao mesmo tempo opressor da Amazônia industrializada, “O Último Azul”, dirigido por Gabriel Mascaro, emerge como um filme que transcende fronteiras geográficas e emocionais. Premiado com o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim, o longa não só consolida o cinema brasileiro no panorama internacional, mas também nos convida a refletir sobre temas universais: o direito de sonhar, a busca por significado e a resistência diante de imposições.

Com uma narrativa poética e visualmente impactante, o filme acompanha Teresa, uma mulher de 77 anos vivida pela talentosa Denise Weinberg. Após receber uma ordem do governo para se mudar para uma colônia de idosos, Teresa decide desafiar o destino e embarcar em uma jornada pelos rios da Amazônia. Essa viagem, repleta de encontros inesperados e paisagens deslumbrantes, torna-se uma metáfora poderosa sobre a liberdade e a resiliência humana.

A coprodução entre Brasil, México, Chile e Holanda traz uma riqueza multicultural que se reflete na sensibilidade da narrativa e na profundidade dos personagens. O elenco, que inclui nomes como Rodrigo Santoro e Miriam Socarrás, entrega performances que ecoam longe após o fim do filme. Santoro, em entrevista à GloboNews, destacou a importância do prêmio para o cinema nacional, afirmando que o Brasil precisa ser descoberto pelo mundo. Já Denise Weinberg ressaltou o resgate da dignidade e autoestima dos artistas brasileiros, celebrando o movimento do cinema nacional para além das fronteiras.

Gabriel Mascaro, conhecido por obras como “Boi Neon” e “Divino Amor”, mais uma vez demonstra sua habilidade em explorar temas complexos com uma estética única. “O Último Azul” não é apenas um filme sobre uma mulher idosa em busca de seu último desejo; é um manifesto sobre a importância de viver com autonomia e esperança, mesmo quando o mundo parece conspirar contra nós.

Além do Urso de Prata, o filme também foi premiado pelo júri ecumênico e pelos leitores do jornal “Berliner Morgenpost”, consolidando-se como uma obra que ressoa tanto pela crítica quanto pelo público. Em um momento em que o cinema brasileiro busca seu espaço no cenário global, “O Último Azul” surge como um farol, iluminando caminhos e inspirando novos sonhos.

Assistir a “O Último Azul” é mergulhar em uma experiência cinematográfica que desafia, emociona e transforma. É um convite para repensar nossas próprias jornadas e, acima de tudo, acreditar que nunca é tarde para encontrar significado na vida.