Na COP27, Lula associa luta contra mudanças climáticas ao combate à desigualdade

Em seu primeiro discurso para uma plateia internacional desde a eleição, presidente eleito diz que Brasil “está de volta” às negociações com o mundo. IMAGEM: REPRODUÇÃO

EGITO — O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em seu discurso na COP27 que “a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e a desigualdade”.

Em vários momentos de sua fala, Lula se referiu à necessidade de se ajudar os países e as pessoas mais pobres no combate aos efeitos extremos do clima.

Falando para uma plateia amistosa repleta de aliados políticos, militantes do clima, apoiadores informais e diplomatas, o petista mandou recados para vários públicos distintos.

De início, ele reconheceu as dificuldades mundiais do momento. “Vivemos um momento de crises múltiplas – crescentes tensões geopolíticas, incluído a volta do risco da guerra nuclear, crise de abastecimento de alimentos e energia, erosão da biodiversidade, aumento intolerável das desigualdades”, afirmou. Logo depois, no entanto, ele fez várias cobranças ao mundo desenvolvido para assumir suas responsabilidades pela crise climática.

O presidente eleito também disse que o mundo precisa de mecanismos financeiros para remediar perdas e danos causados em função da mudança do clima.

Esse é um ponto central nas discussões da COP27, incentivado especialmente pelo Egito, o país anfitrião. As discussões sobre o tema, no entanto, não tem avançado porque os países ricos tentam evitar se comprometer a pagar essa espécie de indenização às nações mais pobres —que sofrem desproporcionalmente com as mudanças climáticas, embora tenham tido pouquíssima responsabilidade na emissão de gases do efeito estufa.

Lula também criticou duramente o atual governo do presidente Jair Bolsonaro, afirmando que ele foi “desastroso em todos os sentidos”.

“No combate ao desemprego e às desigualdades, na luta contra a pobreza e a fome, no descaso com uma pandemia que matou 700 mil brasileiros, no desrespeito aos direitos humanos, na sua política externa que isolou o país do resto do mundo, e também na devastação do meio ambiente”, afirmou.

Por fim, ele defendeu o multilateralismo e afirmou que o Brasil pretende realizar uma cúpula entre os países da América do Sul que dividem a floresta amazônica. ALém disso, propôs a realização da COP30, em 2025, em um estado amazônico brasileiro.

Numa crítica direta à ONU, ele pediu uma reforma do Conselho de Segurança da ONU e propôs um novo sistema de governança global. “É preciso incluir mais países no Conselho de Segurança da ONU e acabar com o privilégio do veto, hoje restrito a alguns poucos, para a efetiva promoção do equilíbrio e da paz, disse –na prática, pedindo que o Brasil faça parte do mais importante mecanismo de segurança do mundo.

Por CNN BRASIL