Torres, RS – Na última rodada de eventos trágicos que abalaram a cidade de Torres, no Litoral Norte gaúcho, Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, foi presa temporariamente no domingo (5) depois que a Polícia Civil encontrou pesquisas sobre os efeitos do arsênio no celular da suspeita. Ela é a principal acusada de ter causado a morte de três membros de sua própria família através de um bolo envenenado durante uma reunião familiar no dia 23 de dezembro.
Dos seis familiares que consumiram a sobremesa, três não resistiram aos efeitos do veneno: Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, de 59 anos, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, de 47 anos. A polícia afirma que o motivo por trás do crime seria uma longa discórdia familiar, que já durava mais de duas décadas, entre Deise e sua sogra, Zeli Teresinha Silva dos Anjos, de 61 anos, a autora do bolo.
A relação entre Deise e sua sogra parecia amigável nas redes sociais, onde Deise se retratava como uma mãe dedicada e uma pessoa centrada na família. Imagens de momentos felizes, incluindo uma foto de 2021 onde aparecem juntas com um bolo similar ao que foi envenenado, contrastam fortemente com os eventos recentes. Deise, apaixonada pelo Grêmio, frequentemente compartilhava momentos familiares, como sua formatura, onde escreveu: “Minha família… minha prioridade!”.
Uma de suas últimas postagens foi uma reflexão sobre a traição e a gratidão, acompanhada por uma imagem do Coringa, e a mais recente, um texto de Santo Agostinho sobre a morte, extraído de uma novela, refletindo sobre o cuidado com o corpo e a alma.
O Veneno
A investigação revelou que o arsênio estava presente em quantidades letais na farinha usada para preparar o bolo. Apesar de ser interrogada por horas, Deise não confessou o crime. Ela não participou da reunião em questão, estando em Nova Santa Rita com o marido e o filho, que não são alvos da investigação.
Deise está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres, acusada de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e emprego de veneno, além de três tentativas de homicídio com as mesmas qualificações. A detenção tem duração de 10 dias, período em que a polícia espera concluir as investigações. A defesa, representada pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza, declarou não ter acesso completo às investigações até o momento, prometendo pronunciar-se em breve.
Além dos três mortos, Zeli, a preparadora do bolo, continua internada, embora tenha deixado a UTI recentemente. Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também foi hospitalizado mas já recebeu alta. Outro membro da família, após atendimento médico, foi liberado.