Mais de 17 mil filhotes de elefantes-marinhos morrem de gripe aviária na Argentina

Mais de 95% dos filhotes nascidos na Patagônia no ano passado morreram de gripe aviária.

Relatos da catástrofe ambiental provocada pela gripe aviária no Hemisfério Sul continuam a chegar. O mais recente alerta foi feito pela organização Wildlife Conservation Society (WCS) que divulgou dados estarrecedores: mais de 17 mil filhotes de elefantes-marinhos-do-sul (Mirounga leonina) morreram apenas na Patagônia Argentina, vítimas do vírus H5N1, que provoca a influenza aviária de alta patogenicidade.

Esse número assustador representa mais de 95% dos filhotes nascidos na costa argentina em 2023. As três praias do país onde a espécie se reproduz pareciam uma cena de filme de terror, com milhares de carcaças de animais mortos.

“É o primeiro relato de mortalidade em massa de elefantes-marinhos naquela região, por qualquer causa, no último meio século. A visão desses animais encontrados mortos ou morrendo ao longo das praias de reprodução só pode ser descrita como apocalíptica. Esta mortandade em 2023 contrasta fortemente com os 18 mil filhotes nascidos e desmamados com sucesso em 2022”, lamenta Chris Walzer, diretor executivo de saúde da WCS.

Segundo os especialistas da WCS, o temor é que gripe aviária esteja sendo transmitida agora entre mamíferos, já que os filhotes de elefantes-marinhos em geral só estão em contato com as mães. Originalmente o H5N1 só infectava aves e em alguns casos, mamíferos que ingeriam pássaros doentes ou se contaminassem de alguma forma com restos de animais infectados.

Todavia, nesse surto atual, a gripe aviária já foi registrada em várias espécies de mamíferos, entre elas, lobos e elefantes-marinhos, pinguins e até, um urso polar no Alasca.

“O H5N1 representa agora uma ameaça existencial à biodiversidade mundial. Infectou mais de 150 espécies de aves selvagens e domésticas em todo o mundo, bem como dezenas de espécies de mamíferos. O surto de gripe aviária é o pior a nível global e também na história dos EUA, com centenas de milhões de aves mortas desde que apareceu pela primeira vez em aves aquáticas domésticas na China em 1996″, destaca Walzer.

Ele explica que a gripe aviária é altamente transmissível. Bastam gotículas ou fezes de animais infectados e ela ainda é exacerbada pela migrações das aves, que levam a doença para diferentes lugares.

“À medida que o vírus continua a espalhar-se pelas populações de mamíferos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou às autoridades de saúde pública para se prepararem para uma potencial propagação do H5N1 às pessoas. O valor “R zero” – ou o número de pessoas infectadas por uma única pessoa infectada – para COVID inicialmente variou de 1,5 a 7. Para o H5N1 entre aves, é cerca de 100″, alerta o diretor da organização.

Ele urge que cientistas identifiquem estirpes emergentes de gripe aviária para ajudar no desenvolvimento de vacinas específicas que possam tratar rapidamente a infecção nas pessoas para prevenir outra pandemia.

“O custo da inação já está causando uma grande devastação à vida selvagem. À medida que trabalhamos para ajudar a recuperação das populações afetadas, devemos permanecer vigilantes contra a propagação deste patógeno mortal às pessoas antes que seja tarde demais”.

Na América do Sul, estima-se que mais de 500 mil aves aquáticas morreram, além de 20 mil leões-marinhos no Chile e no Peru (no Brasil houve vários casos também no Rio Grande do Sul).

No Brasil já são 151 focos de gripe aviária. Cada foco é uma unidade epidemiológica na qual foi diagnosticado pelo menos um caso de H5N1, segundo a plataforma online do Ministério da Agricultura e Pecuária.

fonte: Conexão Planeta